Depois
de inaugurada a estátua da autoria do escultor Hélder de Carvalho, situada no
jardim junto à Biblioteca Municipal, o átrio da Biblioteca acolheu centenas de
pessoas que participaram neste momento cultural inteiramente dedicado a Rocha Peixoto. A sessão contou
com a presença de Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal, João Francisco
Marques, Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações, Fernando Rocha,
Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos e Conceição
Nogueira, Directora de Póvoa de Varzim Boletim Cultural.

A
propósito dos eventos comemorativos que marcaram os 100 anos da morte de Rocha
Peixoto, Macedo Vieira lembrou que, apesar do momento difícil que o país
atravessa e a autarquia também, esta não deixou de se empenhar na efectivação
dos acontecimentos em homenagem ao ilustre poveiro. O autarca salientou ainda o
orgulho sentido pela presença de familiares de Rocha Peixoto nas iniciativas
promovidas. Em relação à estátua, o edil revelou que, inicialmente, foi
interessante pensar em quem a iria fazer, depois de seleccionado o autor “todos
nós participamos na sua construção” e por fim, considera que a escolha do
escultor foi acertada.

Também
Fernando Rocha reconheceu o trabalho de Hélder de Carvalho dando-lhe
publicamente os parabéns pela peça, acrescentando “olhando para a escultura
percebe-se que é Rocha Peixoto”. O autarca disse ainda que “é bom que saibamos
honrar o nosso passado e a Câmara da Póvoa esteve muito bem na homenagem
prestada a Rocha
Peixoto” e concluiu reconhecendo que “foi para a Câmara de Matosinhos e para
mim um prazer muito grande associar-se ao conjunto de iniciativas levadas a
cabo pela Comissão Organizadora das Comemorações, nomeadamente o descerramento
da Placa Comemorativa do 1º Centenário da morte de Rocha Peixoto na casa onde viveu, em
Matosinhos”.

João
Francisco Marques também foi unânime em reconhecer o trabalho do escultor que
“conseguiu retratar Rocha Peixoto como uma imagem da sua presença tal como
vemos nos restos fotográficos”, “espelha o homem que foi naquilo que é mais
significativo, colocando na posteridade aquilo que é mais singular na sua vida,
o caderninho de notas”. Estão aqui vivos em seu realismo, o investigador, o
cientista, o etnógrafo e o antropólogo, sendo que “o Homem foi insistentemente
estudado por Rocha Peixoto”, acrescentou. Sobre a localização da escultura, o Presidente
da Comissão Organizadora das Comemorações referiu que está implantada junto a
uma instituição que tem o nome de Rocha Peixoto porque parte significativa da
sua biblioteca particular está lá, situando-se ainda perto da Escola Secundária
Rocha Peixoto, que tem Rocha Peixoto como patrono, reconhecendo o seu exemplo
de trabalho e probidade intelectual. João Marques lembrou, uma vez mais, que Rocha
Peixoto deixou uma obra pioneira no seu tempo que ainda hoje tem referências
basilares. O Professor fez questão de destacar o interesse vivo pela cultura da
Câmara Municipal da Póvoa de Varzim que, apesar das dificuldades abraçou, desde
o início, a ideia de erigir uma estátua e participar empenhadamente nas
comemorações. “Estou inteiramente grato porque os projectos não avançam se não
houver um suporte e aqui houve todo o apoio do Presidente e Vereador da
Cultura, exemplos de cultura viva da gente da terra”, acrescentou.

Sobre o Tomo
de Actas do Colóquio “Rocha Peixoto no Centenário da sua morte” realizado a 8 e
9 de Maio de 2009, que reuniu mais de duas dezenas de especialistas abrangendo
as várias áreas a que se dedicou o ilustre poveiro (arqueologia, antropologia e
etnografia, arte e museus, ciências naturais e bibliotecas e património), João Marques disse que “não
queria que este colóquio ficasse sem actas porque um congresso morre se dele
não fica um registo” e daí “toda a minha preocupação para que se tornassem
possíveis”.

Na sessão
que encerra as Comemoração do 1º Centenário da morte de Rocha Peixoto, o
Presidente da Comissão afirmou “cumprimos esta missão a que nos entregamos”,
concluindo “só morrem os planos de quem não os agarra, de quem não gasta forças
para dizer é isto que queríamos e aqui está”.

Sobre
volumes 43 e 44 de Póvoa de Varzim Boletim Cultural, inteiramente
dedicados a Rocha
Peixoto, Maria da Conceição Nogueira, directora da publicação, mostrou-se
satisfeita com o empenho que culminou na edição dos dois boletins culturais. “A
colaboração recebida provou que a figura de Rocha Peixoto continua a motivar os
nossos cientistas e historiadores de tal modo que gostosamente tivemos de
distribuir os artigos enviados em dois volumes – o n.º 43, relativo ao ano de
2009 e o n.º 44, relativo ao ano de 2010. Eis, assim, estes dois volumes
temáticos, exclusivamente dedicados a
Rocha Peixoto”. De facto, o volume de artigos levou ao
“atraso” no lançamento do nº. 43. “Cremos, porém, que esse atraso é largamente
compensado pelo seu conteúdo, da autoria de especialistas das principais áreas
da obra e da vida de Rocha Peixoto”.

Sobre os dois
volumes apresentados, explicou que o objectivo editorial proposto, o estudo de
“aspectos não explorados”, foi satisfeito. “Encontrarão nas páginas destes dois
tomos abordagens inovadoras, fruto da ‘revisitação’ dos trabalhos do nosso
homenageado, dando azo a uma interpretação pessoal e à verificação da
actualidade do seu pensamento”. Um trabalho possível, reconheceu, devido à
oportunidade, dada pela primeira vez, de os colaboradores acederam ao espólio
de Rocha Peixoto, existente na Biblioteca Municipal.

“Por último,
encontrarão uma secção intitulada Vária, destinada, como sabem, ao
registo de eventos, ocorridos durante o ano, dignos de memória local – no nosso
caso, todos eles referentes à Homenagem ao nosso ilustre cientista e
historiador poveiro”.

E servindo-se da advertência de Rocha Peixoto,
«Portugal chega para todos», que Flávio Gonçalves escolheu para epígrafe do
número comemorativo do I Centenário do Nascimento de Rocha Peixoto, Maria da
Conceição Nogueira incentivou à descoberta de “novos saberes” sobre Rocha
Peixoto, mais a mais quando a Biblioteca Municipal dispõe do seu espólio,
“assim como de outros estudiosos, de cuja consulta muito poderão lucrar os
investigadores para a feitura de novos trabalhos”.