Póvoa de Varzim, 17.11.2011 - O lançamento do livro Joaninha, a última sereia marcou as comemorações do Dia Nacional do Mar, ontem, na Póvoa de Varzim.
Os pequenos bailarinos, da Academia Centro do
Corpo, que “abriram” esta apresentação com um número que arrebatou aos
presentes sorrisos de ternura, quase roubaram o protagonismo aos autores do
livro: José de Azevedo, que escreveu, e Fedra Santos, que ilustrou. Mais
tímida, e “mais habituada a desenhar do que a falar”, Fedra Santos apenas quis
explicar que “foi um enorme prazer ilustrar este livro. Sou de Paços de
Ferreira e passei muitos Verões na Póvoa de Varzim, pelo que pesquisar para
este trabalho foi muito gratificante e permitiu-me recordar com saudade esses
tempos”. Mais habituado a falar em público, José de Azevedo começou por
contextualizar a realização deste livro: “Para assinalar o Dia Nacional do Mar,
o Pelouro da Cultura lançou-me um desafio: e se eu publicasse na minha crónica
semanal n’”O Comércio da Póvoa de Varzim” um conto infanto-juvenil, onde
estivesse incluída a Lancha Fé em Deus?” O jornalista continua dizendo que “aceitei
entrar nessa aventura, embora com algum receio. Seria a primeira vez que eu,
que investigo a história da cidade há mais de 40 anos, navegaria nesse género
literário e não queria naufragar logo à primeira”. Sobre as personagens, o
autor conta que “no imaginário do pescador da Póvoa, a sereia é uma personagem
mítica, sempre presente, simbolizando o mistério que o mar tem dentro de si.
Naturalmente que os pequenos pescadores, ratos-de-água como são chamados,
gostariam de as ver, senti-las por perto, falar com elas”. E é sobre a
Joaninha, uma sereia, e o Luís, um pequeno pescador, que a história se vai
desenrolando. Mas, afinal, em quem é inspirada esta última sereia? José de
Azevedo desvenda: “Por volta dos seis anos, a minha neta Joana começou a pedir-me
histórias. Eu, pouco habituado, e com repertório muito reduzido, lá lhe ia
contando e recontando a Branca de Neve ou a Gata Borralheira. Até que a certa
altura ela me disse: só sabes essas duas? Quero histórias novas. E eu
embasbaquei. Mas não querendo dar parte de fraco perante aquela Azeveda
curiosa, como morava frente ao oceano, olhando para os barcos e penedos, ia
inventando histórias sobre o mar, sobre a beleza dos barcos à vela, sobre
peixes esquisitos e sobre sereias que entoavam canções de embalar e de
encantar. Inventa daqui, inventa dacolá, lá conseguia calar, e muitas vezes
adormecer a Joaninha”. E foi à Joana Azevedo, e aos outros cinco netos, que
José dedicou esta primeira aventura infantil. Num momento de extrema ternura
todos foram chamados para receberem o livro da sereia apaixonada. “Gostava que
fossem eles os primeiros leitores e os primeiros críticos”, terminou.
Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, considera o resultado
“excelente” e antevê que “esta foi apenas a primeira de muitas histórias que
José de Azevedo escreveu”.
No Dia Nacional do Mar, esta não foi a única iniciativa preparada pelo
Pelouro da Cultura. De manhã, e depois de ter sido apresentada na Biblioteca Municipal
Rocha Peixoto, no passado mês de Setembro, a exposição sobre o projecto de
recuperação da Lancha Poveira do Alto chegou à Escola EB 2/3 de Rates. Aí
permanecerá até dia 30 de Novembro. A iniciativa está inserida no programa de
comemorações dos 20 anos da construção da Lancha Poveira do Alto “Fé em Deus” e
tem como objectivo divulgar e valorizar a experiência de navegação nesta
embarcação tradicional a que Manuel Lopes chamou a “Escola da Memória”.
À tarde, José Abel
Carriço, responsável pela Escola de Música da Póvoa de Varzim, conversou com os
alunos da Escola do Século sobre o tema “Musicar o Mar”. Esta iniciativa, ao
mesmo tempo que celebra a data, está também integrada no projecto “Património
Marítimo – Aprender e Marear na Lancha Poveira”, promovido pela professora
Maria Luísa Salgado, durante o ano lectivo 2011/2012, em parceria com a
Biblioteca Municipal.