Os pequenos bailarinos, da Academia Centro do
Corpo, que “abriram” esta apresentação com um número que arrebatou aos
presentes sorrisos de ternura, quase roubaram o protagonismo aos autores do
livro: José de Azevedo, que escreveu, e Fedra Santos, que ilustrou. Mais
tímida, e “mais habituada a desenhar do que a falar”, Fedra Santos apenas quis
explicar que “foi um enorme prazer ilustrar este livro. Sou de Paços de
Ferreira e passei muitos Verões na Póvoa de Varzim, pelo que pesquisar para
este trabalho foi muito gratificante e permitiu-me recordar com saudade esses
tempos”. Mais habituado a falar em público, José de Azevedo começou por
contextualizar a realização deste livro: “Para assinalar o Dia Nacional do Mar,
o Pelouro da Cultura lançou-me um desafio: e se eu publicasse na minha crónica
semanal n’”O Comércio da Póvoa de Varzim” um conto infanto-juvenil, onde
estivesse incluída a Lancha Fé em Deus?” O jornalista continua dizendo que “aceitei
entrar nessa aventura, embora com algum receio. Seria a primeira vez que eu,
que investigo a história da cidade há mais de 40 anos, navegaria nesse género
literário e não queria naufragar logo à primeira”. Sobre as personagens, o
autor conta que “no imaginário do pescador da Póvoa, a sereia é uma personagem
mítica, sempre presente, simbolizando o mistério que o mar tem dentro de si.
Naturalmente que os pequenos pescadores, ratos-de-água como são chamados,
gostariam de as ver, senti-las por perto, falar com elas”. E é sobre a
Joaninha, uma sereia, e o Luís, um pequeno pescador, que a história se vai
desenrolando. Mas, afinal, em quem é inspirada esta última sereia? José de
Azevedo desvenda: “Por volta dos seis anos, a minha neta Joana começou a pedir-me
histórias. Eu, pouco habituado, e com repertório muito reduzido, lá lhe ia
contando e recontando a Branca de Neve ou a Gata Borralheira. Até que a certa
altura ela me disse: só sabes essas duas? Quero histórias novas. E eu
embasbaquei. Mas não querendo dar parte de fraco perante aquela Azeveda
curiosa, como morava frente ao oceano, olhando para os barcos e penedos, ia
inventando histórias sobre o mar, sobre a beleza dos barcos à vela, sobre
peixes esquisitos e sobre sereias que entoavam canções de embalar e de
encantar. Inventa daqui, inventa dacolá, lá conseguia calar, e muitas vezes
adormecer a Joaninha”. E foi à Joana Azevedo, e aos outros cinco netos, que
José dedicou esta primeira aventura infantil. Num momento de extrema ternura
todos foram chamados para receberem o livro da sereia apaixonada. “Gostava que
fossem eles os primeiros leitores e os primeiros críticos”, terminou.

Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, considera o resultado
“excelente” e antevê que “esta foi apenas a primeira de muitas histórias que
José de Azevedo escreveu”.

No Dia Nacional do Mar, esta não foi a única iniciativa preparada pelo
Pelouro da Cultura. De manhã,
e depois de ter sido apresentada na Biblioteca Municipal
Rocha Peixoto, no passado mês de Setembro, a exposição sobre o projecto de
recuperação da Lancha Poveira do Alto chegou à Escola EB 2/3 de Rates. Aí
permanecerá até dia 30 de Novembro. A iniciativa está inserida no programa de
comemorações dos 20 anos da construção da Lancha Poveira do Alto “Fé em Deus” e
tem como objectivo divulgar e valorizar a experiência de navegação nesta
embarcação tradicional a que Manuel Lopes chamou a “Escola da Memória”.

À tarde, José Abel
Carriço, responsável pela Escola de Música da Póvoa de Varzim, conversou com os
alunos da Escola do Século sobre o tema “Musicar o Mar”. Esta iniciativa, ao
mesmo tempo que celebra a data, está também integrada no projecto “Património
Marítimo – Aprender e Marear na Lancha Poveira”, promovido pela professora
Maria Luísa Salgado, durante o ano lectivo 2011/2012, em parceria com a
Biblioteca Municipal.