“O orçamento nacional deve ser equilibrado, as dívidas públicas devem
ser reduzidas, a arrogância das autoridades deve ser controlada, os pagamentos
de impostos devem ser reduzidos. As pessoas devem, novamente, aprender a
trabalhar, em vez de viver por conta pública. Estas frases poderiam ter sido
ditas este ano ou o ano passado, mas foram proferidas 55 anos AC, por Cícero,
Imperador Romano”, explicou o edil. “Não é a primeira vez que o mundo passa por
uma crise grave”.

José
Macedo Vieira começou por definir qual o significado, para si, de liderança e
de chefia: “condução de uma organização, instituição ou país, de forma consensual,
de uma ideia ou de um projeto, em harmonia com os anseios dos colaboradores,
trabalhadores ou de um povo”, esclareceu sobre liderança, e “imposição de uma
ideia, de um projeto pessoal, de grupo ou fação, de forma a ser executada mesmo
contra a vontade dos colaboradores, trabalhadores ou de um povo”, disse sobre
chefia. “Esta é a diferença entre a governação em democracia e ditadura. O
chefe divide para reinar, gosta de fazer tudo, não aceita as opiniões dos
outros, vive isolado, é calculista. O líder conduz fomentando o espírito de
equipa, é aberto à mudança, gosta de ajudar, até de ser questionado, e é,
normalmente, mais humano”. Sobre estas diferenças, o conferencista contou um
episódio profissional enquanto médico: “eu tinha estudado um método americano
de operar à vesícula que não necessitava de drenos e passados dois dias o
paciente tinha alta. Naquele tempo, as cicatrizes destas cirurgias eram
bastante grandes e os pacientes permaneciam no hospital durante cerca de nove
dias. O meu chefe disse-me que no seu serviço fazia-se como ele mandava e como
sempre se tinha feito. Mas, passados alguns dias, anunciou que, a partir
daquele momento, o método a utilizar seria aquele escolhido por mim naquela
cirurgia. Nem todos os chefes teriam esta atitude, de reconhecer que há
evolução. Aquele dia constituiu uma grande lição para mim”. “É preciso haver um
grande sentido de serviço público, isto é, temos que tomar as nossas decisões
pensando no que é melhor para a instituição e não para nós”, sublinhou o
Presidente do município.

Sobre a
situação em Portugal e na Europa, José Macedo Vieira disse que “é preciso
antecipar os problemas, estar preparado para tomar decisões antes dos problemas
surgirem. Reconhecemos esta qualidade nos grandes empresários e nos grandes políticos”.
Sabia-se que o endividamento, o défice elevadíssimo, o vivermos acima das
nossas possibilidades – o país comprava muito e exportava pouco – e o modelo
criado do Estado Social, em que o Estado paga tudo, subsídios desde que
nascemos até que morremos. Isto não é possível. Com uma esperança atual de vida
de 80 anos, não é possível aguentar uma Segurança Social que paga mais de 20
anos de reforma, pois o número de ativos é cada vez menor, a pirâmide está a
inverter-se”. Para o Presidente, “é necessário efetuar a reestruturação da
dívida, com a renegociação para quinze ou 20 anos do seu pagamento e com perdão
de uma percentagem”. O edil sublinhou que esta “é uma crise de regime, de
liderança e uma grave crise política”. As gorduras da despesa já foram
cortadas, agora, para José Macedo Vieira, haverá cortes na carne e no osso, ou
seja “na saúde, na educação e no Estado Social”. 

Quanto a
chefes e líderes, o autarca qualifica alguns políticos europeus: “Durão Barroso
não está à altura da liderança da Europa. Tem de haver um projeto europeu
legitimado pelo povo. Concertar 27 países não é fácil. Quanto a Angela Merkel,
é ela quem, de facto, manda na Europa neste momento”.

Macedo
Vieira não deixou de mencionar a situação financeira da Póvoa de Varzim:
“estamos com uma economia equilibrada e poucas câmaras municipais aliviaram nos
impostos como a Póvoa de Varzim, e temos o Imposto sobre imóveis (IMI) mais
baixo que há”.

Macedo Vieira foi convidado pela Junta de Freguesia
de Aguçadoura, cujo Presidente,
Sérgio
Cardoso, afirmou que o edil tem “tornado o seu discurso mais otimista nos
últimos tempos”.