Explicou
que “este medo de falar começou quando fui a uma festa a casa de um embaixador.
Todos os convidados cantavam, tocavam um instrumento, contavam anedotas. E
todos tinham que participar. À medida que a minha vez se ia aproximando eu ia
ficando mais nervoso. Lembrei-me de dizer um poema de Fernando Pessoa. A minha
pressa de terminar era tanta que acabei por trocar uma consoante por outra numa
palavra e o que me saiu foi um grande palavrão”.

Mas o
escritor não é desconhecido para os poveiros. Em 2008, José Manuel Saraiva
participou nas Correntes d’Escritas, que considerou “algo único em Portugal e
muito especial”.

José
Manuel Saraiva é conhecido pelos seus romances históricos, um dos quais com
grande sucesso (Rosa Brava vendeu
mais de 50.000 exemplares). Por esse motivo, Manuel Valente, da Porto Editora,
referiu-se ao escritor como corajoso: “José Manuel Saraiva podia ter continuado
a escrever romances históricos, já tinha conquistado o seu público, mas quis
arriscar e, ainda por cima, com um tema como o abordado em A Terra Toda, onde é exposta a vulnerabilidade dos homens, algo que
não gostamos de fazer”. O editor comentou, ainda, que o escritor esteve na
Guerra Colonial (Guiné-Bissau), “assim como eu. A diferença é que eu estive num
escritório, sentado a uma secretária, e o José Manuel esteve com uma arma na
mão no meio do mato”. Sobre este assunto, o autor confidenciou que a sua
passagem pela Guerra Colonial foi traumatizante e que até hoje as consequências
se reflectem na sua vida.

Luís Diamantino, vereador do Pelouro da Cultura,
contou um pouco da história de A Terra
Toda
. “Tudo começa com um monólogo de Rafael. Este é abandonado pela sua
mulher, que o traiu com outro homem. A personagem recorre, então, a uma
psicanalista, com quem acabará por se envolver. Mas, a trama não fica por aqui,
porque também esta nova paixão o vai trair e de forma ainda mais dolorosa.” O
autarca confessou que “fiquei triste com o final da história. Não é possível
escrever um final alternativo?”, brincou.