A
publicação, que resulta de uma compilação de crónicas escritas pelo autor na
imprensa local, é o número 24 da colecção Na Linha do Horizonte – Biblioteca
Poveira.

Autobiografia do autor:

“Sou José dos Santos
Marques, nascido num casebre da Rua de Traz-os-Quintais desta Póvoa de Varzim a
19 de Março de 1914. Por volta dos 6 anos entrei para uma mestra a fim de
aprender o catecismo e as primeiras letras; aos 8 anos passei para a Escola
Pereira Azurar, pertinho de casa; passado um ano passei para a Escola dos
Sininhos e dali, por mais 2 anos, para a Escola Camões, no extremo norte da
Avenida dos Banhos. Que grande pulo…
Aos 12 anos, portanto em 1926, comecei a trabalhar
como tipógrafo para a obtenção da formatura em letras de chumbo. Da tipografia Poveira saltei para a de Santos
Graça & Frasco onde eram impressos os semanários “O Progresso” e “O
Comércio da Póvoa”. Aqui comecei por apreciar os escritos dos seus
colaboradores e fiquei com o vício. Nos anos de 1936/37 servi o Exército no
quartel do Batalhão de Caçadores 5, em Lisboa, decorria a guerra em Espanha. Em Dezembro
de 1948, já com família constituída, rumei para Moçambique, com destino a
Quelimane. Quando lá chegado o lugar que me fora destinado estava já preenchido
porque esperei oito meses para o embarque. Porém, o amigo Manuel Lopes Ferreira
(Quintandura) conseguiu encaixar-me em um escritório, dado que eu possuía o
curso comercial tirado às noites na Escola Comercial e Industrial Rocha
Peixoto, concluído em 1943, ficando assim pela teoria, sem qualquer prática.
Consegui-a com a ajuda de um técnico, já idoso, de nome José Maria Alcoforado,
revolucionário de Monsanto para repor a monarquia. Foi o período mais difícil
porque trabalhava de dia e de noite. Conseguida a carteira profissional de
guarda-livros e dentro mais ou menos do mesmo regime de trabalho, consegui a
gerência de duas empresas. Com a independência de Moçambique passei a
funcionário na empresa estatal – EMOPESCA – na Beira, até 1981, ano em que
regressei à Póvoa de Varzim”.