A apresentação da obra será feita por Abílio Travessas.

  

Biografia da autora:

Dora Fonte nasceu em 1953 no Porto, filha de Aver-o-Mar e de Lanheses.

Viveu toda a infância, adolescência e juventude entre o Minho e o Douro Litoral. Frequentou o Colégio Alemão na primária, que logo rejeitou. Ingressou no liceu Carolina Michaelis. As professoras queriam-na de joelhos. Nunca o soube fazer. Mal abriu o Garcia de Orta, os pais mudaram-na para lá.

O 25 de Abril surpreendeu-a suspensa da faculdade. Primeiro por três meses, depois mais três meses… e assim sucessivamente até à desejada derrota final, por parte do regime. Pouco percebia de política… a partir daí, passou a perceber. Formou-se em Filologia Germânica.

Pouco depois de se casar foi para Angola cooperar. Essa cooperação é a razão deste livro.

Foi professora toda a vida por opção e paixão, até perceber que o seu objetivo não coincide com o de quem mandava.

Nos anos noventa, regressou a Angola, que lhe ficou no coração. Deixou lá um manual de Língua Portuguesa que elaborou com colegas angolanas: “ Outros Horizontes”, adotado pelo Ministério da Educação de então.

Sinopse de O Rapto:

“Vi-me envolvida na tragédia da guerra angolana num sem-querer irresponsável, mas com responsabilidade.

Não posso dizer que não sabia que Angola estava em guerra. Sabia. Não embarquei naquele avião melhorar de vida, mas para melhorar os sonhos, para tentar ajudar a construir uma qualquer utopia que na altura pensava possível. Nunca tinha tido qualquer ligação com África, nem direta, nem familiar. Se acreditasse em forças outras, diria ter sido transportada por elas. Vivi aquele ano e meio com uma intensidade esgotante. Extremos absolutos de felicidade e sofrimento – meus e de todas as personagens: humanas e não humanas, físicas e não físicas, palpáveis e não palpáveis.

Este testemunho pretende transmitir toda essa vivência em sofrimento, em felicidade, em ódio, em paixão!

Angola ficou lá. Escondida, desconhecida.

As suas gentes nasciam, cresciam e morriam sem se atreverem a descobrir-lhe as belezas. Só em fuga é que se faziam à estrada, à picada, à mata, não se atrevendo a apreciar as belezas, que se lhes deparavam então horrendas, camufladas pelo pânico, pelas perdas inúmeras e imensas. Perdas familiares, de valores, do próprio corpo ou parte dele, que qualquer maquiavélica mina teimava sadicamente em explodir.

Angola – linda, espantosa, esplendorosa, jorrando força – esperava fiel pela paz. Teve de esperar mais vinte anos, vinte longos anos de desespero profundo, para poder namorar o seu povo, fazê-lo apaixonar-se perdidamente por ela”.