Quilómetro Zero, de Ivo Machado,  O Segredo da Trapezista, de Oscar Málaga Gallegos, Pecados de Intención, de Janet Nuñez, Eis a Dor, o que me resta, de Vicent Martin Martin e Bricabraque e Horismós, de Mário Pinheiro, foram as obras lançadas sob o olhar atento de muitas pessoas que passaram pelo Novotel Vermar ontem à noite.

Aurelino Costa apresentou o novo livro de poemas de Ivo Machado, de onde destacou a “passagem a outro” como a grande surpresa de Quilómetro Zero, caracterizando ainda o escritor como um dos poetas do anti-fingimento, pois “a dor sobressai com nitidez”. Escolhendo a poesia para se expressarem, Ana Paula Tavares dedicou um poema ao escritor, sendo que este terminou a apresentação do livro lendo o poema “Deus”, de da sua nova obra.

O Segredo da Trapezista chega-nos do Peru pela mão de Oscar Málaga Gallegos e de Carlos Veiga Ferreira, da editora Teorema. O livro, onde o circo é pano de fundo, traz elementos de magia, amor, nostalgia, como sintetizou Luzmila Zanabria, Embaixadora do Peru em Portugal. Por isso, não é de admirar que para o autor a escrita deste livro tenha sido “um acto de alegria”. E apesar de confessar o seu pânico de falar em público, ainda foi possível saber que para o escritor peruano “o livro é uma necessidade absoluta”.

Conheceram-se em Gijón, reencontraram-se na Póvoa no Correntes d’Escritas. Vergílio Alberto Vieira e Janet Nuñez partilharam ontem o palco do lançamento dos livros para apresentar Pecados de Intención. “Retoma a proposta comunicativa de silêncio que caracterizam a poetisa”, considerou Vergílio Alberto Vieira, que apresentou a obra. Os poemas já estavam prontos “há mais de 25 anos, mas nunca me preocupei em mostrar a editores ou público, talvez por sentir que não tinha maturidade para a defender”, explicou Nuñez.

A escritora colombiana passou a apresentadora de Eis a Dor, o que me resta logo de seguida. Esta obra, também de poesia, é da autoria de Vicent Martin Martin, que “não é desconhecido do panorama literário”, como afirmou Janet Nuñez. “Esta é uma obra que brilha com uma luz própria”, afirmou, luz essa que, a acreditar nas palavras de Vicent Martin Martin, não se perdeu na tradução. Isto porque o autor fez questão de assinalar o trabalho do tradutor para português, Rui Costa, que soube “dar alma” à obra, apesar de alma dos poemas ser muito difícil de encontrar.

Bricabraque e Horismós não é um livro qualquer. É da autoria de Mário Pinheiro, arquitecto de profissão, que resolveu fazer um livro à mão, contendo poemas e intertextos sobre outras de outros autores, batido à máquina. O número de exemplares limita-se a 88. Carlos Quiroga, desafiado a apresentar a obra, encontrou muito mais o que dizer sobre Bricabraque e Horismós, apelidando Mário Pinheiro de “herdeiro de um mundo desaparecido, que aparece aqui, na Póvoa”.

Após um intervalo de breves minutos, seguiu-se uma sessão de poesia. Nela participaram Aurelino Costa, que declamou “O Amor em Vista”, de  Herberto Helder; Amadeu Baptista, Vergílio Alberto Vieira, Mário Pinheiro e Ivo Machado, que declamaram poemas de suas obras; Fernando Pinto, que disse um poema de Uberto Stabile; e por último, Juan Carlos Mestre, que prendeu todos os presentes com uma homenagem a Lêdo Ivo, onde à beleza das palavras do poema se juntaram sonoridades musicais.

O Correntes d’Escritas continua até 16 de Fevereiro.