Póvoa de Varzim, 26.10.2007 - A apresentação, esta tarde, na Biblioteca Municipal, do livro “O Rapaz que sabia Acordar a Primavera” foi escolhida por Luísa Dacosta para oficializar a oferta do seu espólio à Câmara Municipal da Póvoa. Uma oferta já anunciada pela escritora em Agosto, durante uma cerimónia de homenagem ao antigo director da Biblioteca, Manuel Lopes.
O espólio de Luísa Dacosta inclui, não só uma vasta colecção de obras,
como poemas manuscritos, cartas e livros autografados. Objectos pessoais que
guardam a memória de encontros e de relações pessoais mantidas com outros
autores e de que a escritora mostrou alguns exemplos, como um poema inédito de
Irene Lisboa e edições autografadas de “Um dia e Outro Dia”, de 1936, e
“Apontamentos”, de 1943, também de Irene
Lisboa.
O vereador do Pelouro da Cultura saudou o gesto de Luísa Dacosta, que vai
enriquecer o acervo da Biblioteca Municipal e que reflecte, uma vez mais, a sua
profunda ligação, de há longos anos, com a Póvoa e com a Biblioteca. Luís
Diamantino agradeceu à escritora “tudo o que tem feito pela divulgação do livro
e da leitura, na Póvoa”, recordando que a cidade lhe reconhecia esse elo de
ligação, tendo-a distinguido com a medalha de cidadã poveira.
Quanto a “O Rapaz que sabia Acordar a Primavera”, Luísa Dacosta guardou
os maiores detalhes para as crianças que a aguardavam, na sala de leitura
infantil, mas revelou a importância que a linguagem tem nesta sua obra.
Linguagem que trabalha com particular atenção, porque enquanto professora de
português conhece, como ninguém, o encanto desta língua e a forma como ela deve
ser utilizada da forma mais eficaz possível. Esta que é a sua mais recente obra
pretende, pois, uma vez mais, interagir com os seus leitores e cativar as
crianças para a leitura, hábito que vai perdendo terreno face a outras
realidades.
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“O Rapaz
que sabia Acordar a Primavera” foi publicado em Fevereiro deste ano pela autora
de “O Príncipe Que Guardava Ovelhas”,
primeiro título da sua já vasta produção literária para crianças. A natureza,
as suas cores, os seus cheiros, os seus sons e o ambiente rural são, uma vez
mais, o cenário deste conto protagonizado por um rapaz sonhador de seis anos. A
ligação afectiva e onírica, até, desta figura infantil ao universo natural,
reflectida, por exemplo, na sua paixão por pássaros, dominam esta narrativa,
escrita numa prosa próxima da poética, orientada por linhas temáticas de apelo
à liberdade, ao sonho e à capacidade da imaginação infantil.
É, pois, essencialmente, da beleza sentida no seio
da natureza, da vivência plena desta e do encontro consigo próprio que trata
esta obra, expressivamente ilustrada por Cristina Valadas.