A
iniciativa foi proposta pelo Serviço Educativo da Biblioteca que desafiou os
alunos a darem um final ao conto O
Elefante Cor-de-Rosa
, da autoria de Luísa Dacosta.
Os grupos do 1ºCEB que colaboraram nesta actividade de incentivo à escrita e leitura deram um fim à referida história, que lhes foi
previamente narrada omitindo o seu fim. Agora, na presença da autora, os grupos
escolares apresentam o trabalho colectivo que lhes foi proposto. Durante a
manhã, a escritora esteve com alunos da Escola dos Sininhos e Nova, sendo que à
tarde serão os alunos da Escola do Desterro e novamente Sininhos a expor o seu
trabalho a Luísa Dacosta.

Esta actividade repete-se
segunda-feira, 17 de Maio, às 10h00 e às 15h00, desta vez na biblioteca escolar
da EB1 Aldeia Nova em
Aver-o-Mar, com turmas das escolas de Refojos e Aldeia Nova.

O Elefante Cor-de-Rosa, das Edições Asa, pertence ao Plano Nacional de Leitura,
sendo um dos livros recomendados para o 4º ano de escolaridade destinado a
leitura orientada na sala de aula. Trata-se r
eedição de um pequeno conto de Luísa Dacosta – porventura um dos
mais emblemáticos da sua obra no domínio da literatura infantil –, que conserva
as ilustrações originais da primeira edição (de 1974), da autoria de Armando
Alves.
A história desenrola-se em torno de um pequeno elefante
cor-de-rosa, que é a cor dos sonhos das crianças, e fala-nos, num primeiro
momento, do “mundo amável” em que ele vivia, juntamente com outros elefantes
cor-de-rosa. Era um mundo de paz e de alegria, onde não havia sofrimento.
Confrontado, num segundo momento, com a morte inesperada deste seu mundo, o
elefante vê-se obrigado a partir e acaba por ir viver para a imaginação de uma
criança!

Uma história de sonho e fantasia, que aborda, porém, ainda
que de forma magistralmente subtil, valores tão importantes como a amizade, a
solidariedade e a entreajuda. Aparentemente simples, na forma e no conteúdo,
este pequeno conto revela-se, afinal, fortemente cativante, seduzindo tanto
pela riqueza das emoções que desperta como dos simbolismos que encerra – tão ao
jeito de Luísa Dacosta!

Professora e escritora, Luísa Dacosta é bem conhecida dos
poveiros, sendo também bem conhecida a sua profunda ligação á Biblioteca
Municipal, cujas actividades acompanha regularmente.
 

Luísa Dacosta nasceu
em Vila Real, em 1927. Na Faculdade de Letras de Lisboa terminou o curso de
histórico-filosóficas, mas não a licenciatura, e sobre a sua formação a
escritora revela: ”As minhas universidades foram as mulheres de Aver-o-Mar, que
murcham aos trinta anos, vivem e morrem na resignação de ter filhos e do os
perder, na rotina de um trabalho escravo, sem remuneração, espancadas como
animais de carga, e que mesmo afeitas, num treino de gerações, às vezes não
aguentam e se suicidam (oh! Senhora das Neves! E tu permites!) depois de um
parto, quando o mundo recomeça num vagido de criança! Às mulheres de Aver-o-Mar
devo a língua, ao rés do coloquial.”

Professora do ensino
oficial, Luísa Dacosta começou a sua vida literária em 1955 com o livro de
contos Província. No domínio da ficção, editou: Vovó Ana, Bisavó Filomena e
Eu
(1969) e Corpo Recusado
(1985). No campo da crónica, publicou Aver-o-Mar
(1980) e Morrer a Ocidente (1990). Na Água do Tempo (1992) constitui um
diário, e no campo ensaístico e crítico escreveu Aspectos do Burguesismo Literário (1959) e Notas Literárias (1960).

Em 1970 iniciou a
escrita de livros para crianças: O
Príncipe que guardava Ovelhas
(1970), que foi distinguido pela
Internacional Board on Books for Young People como um “excepcional exemplo de
literatura com interesse internacional”; O
Elefante Cor-de-Rosa
(1974); A Menina
Coração de Pássaro
(1978); Sonhos na
Palma da Mão
(1990); Lá vai Uma Lá
vão Duas…
(1993); e outros títulos.

Na sua actividade de
tradutora, traduziu obras de Nathalie Sarraute e Simone de Beauvoir. Colaborou
também em numerosos periódicos, de que podem destacar-se: Colóquio/Letras, O
Comércio do Porto, Jornal de Notícias, Raiz e Utopia e Seara Nova.

Interessam-lhe
sobretudo as temáticas dos quotidianos vulgares e a situação da mulher. Os seus
livros situam-se num registo em que um sabor autobiográfico se mistura à
crónica e ao conto.

Com a obra Na
Água do Tempo
, ganhou, em 1992, o Prémio Máxima. Em 1994, obteve o Prémio
Calouste Gulbenkian da Literatura para Crianças para o melhor texto para
crianças do biénio 1992-1994, e em 2001 foi apresentada a sua candidatura ao
Prémio Andersen pelo conjunto da sua obra para crianças pela Associação
Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e Juvenil. Também nesse ano
foi-lhe atribuído pela Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto o
Prémio “Uma Vida, Uma Obra”. Em 2004, foi distinguida com o Prémio para a área
do Ensino no âmbito da iniciativa da Cooperativa Árvore comemorativa dos 30
anos do 25 Abril e dos 150 anos da morte de Almeida Garrett. Em 2007, o seu
livro O Rapaz que sabia acordar a
Primavera
, ilustrado por Cristina Valadas, obteve o Prémio Nacional de
Ilustração.