Editada pela primeira
vez em 1993 e galardoado com o Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para
Crianças 1994, esta nova edição, agora publicada pelas Edições Asa, foi
enriquecida com ilustrações de Cristina Valadas e um posfácio da autora.

“Todas as histórias
desta obra têm origens de linguagem transmontanas”, anunciou a escritora de
Vila Real acrescentando que “quem me iniciou nas raízes transmontanas foram a
minha mãe, a minha tia e a ama do meu pai”.

E sobre as suas
raízes, algo modificadas, Luísa Dacosta leu o posfácio do livro intitulado “O
sabor dos sabores” e no qual se podem ler revelações como: “Para o meu coração
de menina, porém, o sabor dos sabores foi sempre a palavra. (…) Todas as minhas
doenças foram curadas com a palavra. (…) havia sempre um remédio, que nem
precisava de receita: histórias! Como eu as amava! Depois nos contos da mãe
tudo acabava em festa (…) Aqui lhe pago a dádiva da palavra, viva, popular,
profundamente enraizada na língua. Mas lá em casa não era só a mãe que contava
histórias. Havia a minha tia (…) Recitava-me, sobretudo, romances em verso
sobre mártires e martírios. (…) Mas já outra palavra me está a guizalhar os
ouvidos. Tolitates. Era muito da ama do meu pai. (…) Com tanta história eu
própria fazia com as dilectas do meu coração uma boa abada”. A escritora
referiu-se às ilustrações de Cristina Valadas que acompanham o texto e tão bem exprimem
aquilo que a história narra, transmitindo o mimo da mãe, o afecto pelas
bonecas, as doenças curadas com xaropes e a mãe a ler histórias.

A professora leu
ainda outra história do livro intitulada “A felicidade não é o que temos, é o
que somos”, “que inventei em homenagem à minha mãe”, disse.

Os mais novos também
participaram na apresentação da obra e leram uma outra história de Lá vai uma… Lá vão duas, “Santideus,
santitates, tiras-e-viras, sarapitates…”.

Luís Diamantino,
Vereador do Pelouro da Cultura, agradeceu o facto de “Luísa Dacosta estar aqui
connosco a partilhar as suas histórias, que nos cativam e enriquecem”.
Recorrendo a uma expressão da própria – “pedagogia do deslumbramento” – afirmou
que a escritora “transporta-nos com ela e as suas histórias deslumbram-nos”.

O autarca referiu
ainda que “Luísa Dacosta faz parte da nossa cidade e sempre que cá vem traz
mais livros do seu espólio para a Biblioteca Municipal”.

No final da sessão, foi-lhe entregue o seu retrato
que fez parte da exposição “Rostos e Pessoas” de Hélder de Carvalho oferecido
pelo artista à escritora.