Marcou 20 anos na gestão da Câmara Municipal, tendo passado o testemunho a Aires Pereira, esta Sexta-feira, dia 18 de Outubro.

Embora concorrendo pelo PSD, partido que já governava o município no anterior mandato, o médico era um elemento novo na política, que era referido pela imprensa nacional como o cirurgião que prometia intervir e “curar as maleitas” de uma cidade fustigada pelo crescimento urbanístico caótico. Conhecida como a “Quarteira do Norte”, a Póvoa de Varzim era bombardeada constantemente por notícias em jornais nacionais que denegriam a imagem da cidade, uma terra longe do grande centro de atração turística apoiado pelos banhos quentes.

O jovem cirurgião de 44 anos sentiu o apelo do serviço público e a atração pela oportunidade de poder vir a tornar-se o “gestor da polis”. Embora sem
experiência na vida política, conquistada a vitória nas eleições, José Macedo
Vieira lança-se numa missão de requalificação do seu concelho, intervindo
cirurgicamente em pontos estratégicos, que já tinha em mente para a redefinição de um futuro para a Póvoa de Varzim.

A estratégia era colocar o município como referência no Noroeste peninsular ao nível Cultural, Desportivo e de Lazer.

As intervenções foram delineadas para a cidade e para as freguesias, potenciando a requalificação dos seus centros históricos, construindo novos equipamentos (como o Campo de Tiro em S. Pedro de Rates) e implementando condições básicas para a Qualidade de vida, como as redes de água potável, saneamento básico e águas pluviais.

A qualidade da água de consumo foi desde logo um tema quente na campanha eleitoral, que antecedeu o ato eleitoral em Dezembro de 1993. E embora o projeto de captação da água em Areias de Vilar, Barcelos, já estivesse encaminhado em parceria com municípios vizinhos, só na vigência de Macedo Vieira foi possível concretizar este grande e velho anseio da população.
Deixávamos de ter água poluída, recolhida do rio Ave, para uma água limpa a correr nas torneiras, que até o próprio presidente da Câmara viria a defender poder ser consumida directamente da torneira.

O primeiro mandato foi de grandes concretizações, com Macedo Vieira a levar por diante os chamados projetos financiados pelas verbas da zona de jogo, de que são exemplo a renovação profunda de toda a frente marítima, que incluía a avenida marginal e o interior / envolvente do porto de pesca, complementadas depois com a área envolvente da Fortaleza e Antiga Lota.

O novo presidente da Câmara demonstrou que tinha o seu plano estratégico traçado, mesmo antes de formalmente delineado pelos técnicos, optando por alterar, melhorando alguns dos projetos em carteira, e marcando a sua orientação ao colocar na gaveta para sempre o Centro de Talassoterapia.

Os primeiros anos da gestão de Macedo Vieira viram ainda ser inaugurados
equipamentos de referência como o novo Pavilhão Municipal, as Piscinas
municipais olímpicas, a Escola de Música / Auditório, a Casa de Juventude, ou ainda a Marina de embarcações de recreio. Estas obras contribuíram para trazer uma nova dinâmica interventiva e associativa à cidade, fomentando a abertura democrática à prática desportiva e às atividades culturais e recreativas.

A estratégia para tornar a Póvoa de Varzim um ponto de atração turística, passou pela intervenção nos espaços públicos, construção de vias estruturantes e de infraestruturas essenciais à qualidade de vida dos cidadãos e visitantes.

O município chegou à condição de um dos melhores no índice de cobertura de saneamento básico com 86% de instalação, obras ao abrigo das verbas
comunitárias, das quais se atingiu o limite de financiamento. E a Póvoa de
Varzim concretizou o ambicioso projeto de construção de uma ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais – completando todo o ciclo da Qualidade no tratamento de efluentes. É um dos pontos de referência deste último mandato de Macedo Vieira.

As vias estruturantes B e C encontravam-se há muitos anos no papel e também seria Macedo Vieira e as suas equipas que cortariam a fita destas novas artérias, que se tornaram fundamentais como novos eixos de desenvolvimento da cidade – batizadas de Av. 25 de Abril e Via General Humberto Delgado.

As intervenções para uma cidade mais ampla e de permanente usufruto pelos cidadãos, uma cidade de lazer e com o cunho do modernismo, continuaram ao longo de vinte anos. A Praça do Almada e a sua nova imagem enquadram-se nesta linha
orientadora.

As requalificações mais marcantes, pela diferença implementada, terão sido as obras do Passeio Alegre e da Rua da Junqueira. Esta última ainda dos primeiros anos de Macedo Vieira como autarca foi das que mais resistência recebeu, uma vez que implicava com o funcionamento do comércio local.

Mesmo assim, o presidente entendia que a artéria pedonal com mais vida da cidade não estava suficientemente atrativa nem se enquadrava na Qualidade que pretendia desenhar na Póvoa de Varzim. Avançou, mesmo criticado por muitos quadrantes da população, e, passado algum tempo, a artéria era motivo de elogios e de satisfação da parte de comerciantes, população em geral e visitantes. O mesmo sucedeu quando resolveu requalificar as principais artérias do Bairro Sul, pedonalizando grande parte dessa área histórica.

Todas as obras têm como objetivo principal as pessoas. A construção de novos pólos de habitação social em Argivai, Terroso e S. Pedro de Rates tornam mais evidente essa caraterística de investimento, a que Macedo Vieira pretendeu desde o início dos seus mandatos dar um cunho de Qualidade e comodidade, a anos-luz dos exemplos de construção e urbanismo que existiam no concelho, ainda mais nesta modalidade. E o resultado desse investimento na Qualidade foi premiado com uma
distinção de Arquitetura a nível nacional.

O Parque da Cidade (que inclui o Estádio Municipal) e a requalificação da Av. Mouzinho de Albuquerque (com construção de um parque de estacionamento subterrâneo) são das obras de referência, que marcam a visão estratégica de Macedo Vieira. O próprio autarca considera que só no futuro será dada a devida importância a estas intervenções, mas para ele, são “as obras do século”.

Na hora da despedida, Macedo Vieira deixa quase pronto o Teatro Garrett, cuja conclusão se prevê para o final do ano. Um Teatro moderno, mas com a memória de um coletivo poveiro que não será desperdiçada. A peça que faltava para dar apoio à política Cultural, cujo diamante é o Encontro Correntes d’Escritas, que teve início há quase 15 anos.

O presidente da Câmara, Macedo Vieira, acarinha esta semente de Cultura por a ter visto nascer e florescer com sucesso.

No final de 20 anos de trabalho interventivo e reformista, Macedo Vieira deixa um município que “renasceu das cinzas” do caos urbanístico, para se transformar numa terra dinâmica com praias atrativas, reconhecidas pela Qualidade das bandeiras azuis, e onde… é bom viver!