Estiveram presentes na sessão Luís
Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, Dulce Rebelo, irmã de Luís de Sousa
Rebelo, Helena Castro, amiga do Professor e intermediária da doação, e Salvato
Trigo.

O acto
foi de grande emoção e para o Vereador da Cultura também motivo de muito
orgulho. “Temos aqui uma vida que não pode ser desmembrada.” afirmou Luís Diamantino
reconhecendo que “todos nós e sobretudo a cultura sairá a ganhar com este
tesouro”. O responsável pela Cultura referiu que esta doação não teria sido
possível se não fosse a intervenção da poveira Helena Castro que pela enorme
amizade ao Professor e à sua mulher conseguiu trazer para a Póvoa de Varzim mais um
tesouro que terá vida própria e vai acompanhar os espólios de Alexandre Pinheiro
Torres, Flávio Gonçalves, Francisco Gomes de Amorim, Luísa Dacosta, Manuel
Lopes, entre outros. O Vereador demonstrou também o seu reconhecimento a Maria
Dolores Rebelo, esposa de Luís de Sousa Rebelo, que soube compreender que a
biblioteca do seu marido ao permanecer una, recebendo o tratamento adequado, conta a história da sua vida. Luís Diamantino
admitiu ainda que esta doação demonstra a confiança granjeada pelos serviços da
nossa biblioteca que sabem fazer o tratamento exacto à documentação aqui
depositada, dando-lhe uma segunda oportunidade de vida e, ao mesmo tempo,
conseguem mantê-la numa unidade, que reforça o carácter profundo de Luís de
Sousa Rebelo. O Vereador admitiu que este espólio enriquece o nosso património
e história da cultura em Portugal e como tal merece toda a dedicação e entrega,
assegurando que a memória do Professor vai ser devidamente guardada e
divulgada.

visita sala

Dulce
Rebelo revelou-se “absolutamente encantada” com a sala Luís de Sousa Rebelo e
acredita que o espólio do seu irmão está “muito bem guardado”, o que vai de
encontro ao desejo do Professor porque a sua biblioteca será divulgada e
partilhada. Dulce Rebelo fez uma sentida evocação a Luís de Sousa Rebelo marcada
por sentimentos e actividades culturais que desde a infância marcaram o
percurso de vida do Professor que teve uma influência marcante na formação
cultural e literária da irmã. Destacando a grande erudição e elevada modéstia
de Luís de Sousa Rebelo, Dulce Rebelo revelou que entre eles haviam muitas
afinidades e interesses culturais que os ligavam. “Portugal muito lhe deve”,
afirmou Dulce Rebelo referindo-se à importante actividade do Professor no
estrangeiro que muito contribuiu para a divulgação da língua e cultura
portuguesas. Reconhecido por muitos escritores como um excelente crítico
literário, “a originalidade e talento de Luís de Sousa Rebelo fazem dele um
humanista do nosso tempo”, concluiu Dulce Rebelo.

Salvato Trigo
proferiu um discurso panegírico a
Luís de Sousa Rebelo que designou de “verdadeiro príncipe
renascentista”, referindo-se ao seu percurso de vida “entre o Tejo e o Tamisa”,
sendo que o Professor fez quase toda a sua carreira docente em universidades
britânicas. Salvato Trigo afirmou que “é
justamente à volta de uma biblioteca que a nossa memória se engrandece”, o que
acontece com o espólio de Luís de Sousa Rebelo por quem demonstrou “uma
admiração intelectual pelo seu saber”. Todos os que continuam connosco vencem a
eternidade. Os mortos não vivem mas existem e Luís de Sousa Rebelo tem a sua
existência prolongada nestes livros, enunciou Salvato Trigo.

sala LSR

O espólio documental
de Luís de Sousa Rebelo, agora na Biblioteca Municipal, é constituído por um
valioso conjunto de documentação que ilustra o itinerário literário e
intelectual do seu autor: manuscritos dos seus trabalhos publicados, textos de
conferências, apontamentos e cadernos diversos, documentos biográficos, diplomas
e certificados, fotografias, objectos e recortes de jornais.

No conjunto
epistolar destacam-se a correspondência recebida no âmbito das suas funções
académicas e de diversos amigos e intelectuais: Charles Boxer, José Saramago,
João de Freitas Branco, General Vasco Gonçalves, Rui Knopfli, José V. Pina
Martins, Aníbal Pinto de Castro, Maria Helena da Rocha Pereira, Jacinto Prado
Coelho, Álvaro Cunhal, Mécia de Sena, David Ramos, António Modesto, entre
muitos outros.

A sua biblioteca particular é composta por um
importante acervo de 8.600 títulos, livros e publicações periódicas das áreas
da História da Literatura portuguesa e estrangeira, com destaque para a
biblioteca camoniana, História da Cultura, Linguística, Filosofia, História,
ensaios, na sua maioria enriquecidos com dedicatórias dos autores e que
reflectem os interesses e campo de estudo do seu proprietário.