A conferência teve lugar esta
sexta-feira e praticamente encheu o Centro Paroquial da Matriz.

O Cónego José Paulo Abreu, reitor do
Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo, de Braga, professor da
Universidade Católica e director do Museu Pio XII, de Braga, apontou sete
grandes desafios que, na sua opinião, se colocam à Igreja actualmente e construiu
o seu discurso em torno destes para concluir apontando a actuação da própria
Igreja para os contrariar.

Afirmando que “a Igreja somos todos
nós”, o conferencista apontou a actuação de cada individuo, num contexto mais
vasto, como uma forma de inserir mudanças positivas na comunidade. Para José
Paulo Abreu, “quando se alia o saber fazer à boa vontade, ajudando os mais
desprotegidos, consegue-se sempre marcar a diferença”. Como exemplo, o cónego
apresentou o envolvimento da Igreja em instituições de apoio social e mesmo a
actuação individual de pessoas que disponibilizam o seu tempo em prol dos
outros, dando ainda mais relevo ao papel da Igreja na sociedade. A criação de
um “observatório de acção social”, que fizesse um diagnóstico dos problemas sociais,
e de um grupo dinamizador, em cada paróquia, como forma de gerir uma acção
coordenada em prol dos mais desfavorecidos, foram duas das propostas
apresentadas por José Paulo Abreu para reforçar o papel da Igreja junto das
comunidades em que se insere.

Quanto aos desafios que se colocam
à igreja, o conferencista identificou e analisou sete: o envelhecimento da
população, ao qual se associam a baixa natalidade e os problemas resultantes de
se viver num mundo que se renova muito lentamente; a fragilidade dos laços
afectivos, a transformação do paradigma de família e a perda de influência da
própria família no tecido social; a complexidade do mundo laboral, a
precariedade do trabalho, o desemprego e a sobrevalorização do capital face ao
trabalhador; a pobreza e a exclusão social, a pobreza infantil e a grande
desigualdade na repartição de rendimentos; a violência e as suas várias causas;
a toxicodependência; a crise de valores, com a perda dos valores tradicionais e
a legitimação dos actos através dos resultados alcançados.

Esta foi a segunda de quatro
conferências, organizada pela comissão para as comemorações dos 250 anos da
Igreja Matriz. A primeira teve lugar no dia 9 deste mês e foi proferida pelo
Padre José Luís Borga, que abordou o tema “Os desafios da juventude à Igreja de
hoje e à sociedade”.

As
comemorações dos 250 anos da Matriz, que contam com o apoio da Câmara
Municipal, iniciaram-se a 6 de Janeiro deste ano com a reconstituição da
procissão de 1757, organizada para inaugurar a então nova Igreja da Matriz e terminam
exactamente um ano depois, a 6 de Janeiro de 2008, ficando pelo meio uma série
de actividades de que são exemplo este ciclo de conferências.