O convidado do Arquivo
Municipal
nasceu a 9 de Janeiro de
1929, na Póvoa de Varzim, e estudou humanidades, filosofia e teologia nos
Seminários Arquidiocesanos de Braga, recebendo, em 1952, o presbiterado.
Actualmente, é académico de mérito da Academia Portuguesa de História,
Presidente da Direcção do Centro de Estudos Regianos e da Unidade de
Investigação da Fundação Ciência e Tecnologia, membro do Centro Interuniversitário
de História da Espiritualidade, do Centro de Estudos Africanos (FLUP) e do
Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa.

O orador iniciou a sua exposição, transportando o público
para uma época de transição de regimes que se deu a 5 de Outubro de 1910.
Revela a importância das actas enquanto documentos que registam as mudanças da
época relembrando que, “a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, a partir de 5 de
Outubro, reflecte tudo o que se passou aquando da queda do regime monárquico a
nível local e nacional nas suas actas camarárias”. Explica ainda que estes são
documentos que transportam “ um memorial extenso, deixando testemunhas e
responsáveis das acções a ser tomadas” nas memórias de um papel. Assim, “a
primeira acta da Póvoa de Varzim estabelece uma ponte entre um regime que
findou, com a revolução, e o início do novo regime. Os personagens
intervenientes são os responsáveis pela gestão camarária quer do regime que
findou quer do regime que iniciou”.

Nomes sonoros, proferidos pelo orador e conhecidos do
público poveiro que veio assistir e participar “na conversa”, ecoaram pelo
salão criando uma interacção que levou ao confidenciar de memórias. David
Alves, burguês abastado foi um dos nomes citado por João Marques pois “era o
chefe do partido monárquico e, por conseguinte, um dos homens da transição e,
na primeira acta da república, explica como procedeu assim que soube da queda
do regime monárquico”, deixando um testemunho importante de como tudo sucedeu.

João Pedro Sousa de Campos, médico, “ foi também o
político, figura do momento da transição, que abraçou a ideologia republicana”,
sendo outro nome de peso na cidade da Póvoa de Varzim.

Outros tantos nomes foram citados dado os seus
contributos políticos na época tais como: Plácido António Ferreira, Francisco
Graça, Joaquim Pereira Sampaio e António dos Santos Graça. Aliás, este último
foi referido por João Marques como “figura de proa do Regime Republicano”. O
investigador, esclareceu ainda, de forma sumária, os grandes problemas
políticos que se colocaram no decorrer do primeiro ano da República.

No final,
o Vereador do Pelouro da Cultura, Luís Diamantino, elogiou o trabalho de João
Marques, agradecendo, bem como os demais, esta visita a uma Póvoa de Varzim de
outrora.