“A decisão hoje conhecida, da autoria de um Ministro de um Governo de gestão, suscita-nos perplexidade e interrogações que, por pudor, não queremos expressar. Que complexos de afirmação o movem para que, a escassos dias de deixar o cargo, queira marcar de forma sinistra a organização do Serviço Nacional de Saúde?”, interrogou o autarca.

Sobre as medidas que o município da Póvoa de Varzim irá tomar quanto a esta decisão, Aires Pereira foi claro: “vou, pela primeira vez na minha vida política, avançar com uma providência cautelar para suspensão da eficácia deste despacho e a consequente impugnação judicial”. Descendo do nível “Médico-Cirúrgico” para o nível “Básico”, os cidadãos poveiros e vilacondenses não vão poder ser operados no serviço de urgência, tendo que ser deslocados para o Hospital Pedro Hispano.

“O anterior Ministro da Saúde, Paulo Macedo, não obstante o seu conhecido rigor, sempre entendeu, e atendeu, as razões que lhe apresentámos para que o Serviço de Urgência aqui instalado oferecesse a amplitude e a qualidade que o recomendavam, e o faziam reconhecido, como um serviço de excelência: é que um serviço de urgência é, por definição, um serviço de proximidade, que deve situar-se no centro físico da área populacional a que se destina; e, por isso e dada a densidade populacional deste território, sempre entendeu (o Dr. Paulo Macedo) que este serviço devia oferecer as respostas que dispensassem a deslocação a centros hospitalares distantes”, explicou o Presidente Aires Pereira.

Inconformado com esta decisão, o autarca questiona: “se esta redução da oferta médico-cirúrgico não foi concretizada quando o país enfrentou a fase mais dura do ajustamento, o que determina que seja agora, quando tudo indica que o pior já passou, que essa redução é implementada? Ou será que o Senhor Ministro, agora de saída e não descortinando regresso,  desprotege o interesse público que devia ser sua missão servir”?

A Câmara Municipal não encontra razões técnicas para a desqualificação do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/ Vila do Conde e “os dois municípios assumiram uma atitude de cooperação, rara e reconhecida como exemplar a nível nacional, propondo-se cooperar com o Governo central para a edificação de um novo e conjunto Centro Hospitalar, objetivo que as circunstâncias adiaram mas do qual não abdicamos”. Aires Pereira sublinhou que tudo fará para “reverter a decisão hoje conhecida e para que o Serviço Nacional de Saúde ofereça, na nossa comunidade, a resposta de qualidade, a que os poveiros e os vilacondenses têm direito.