Assunção Lemos é professora na Faculdade de Artes e Arquitectura da
Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão e colaboradora na Universidade
Católica – Escola de Artes do Porto – Mestrado em Arte Contemporânea. Doutorada
em Ciências das Artes pela Faculdade de Belas
Artes da Universidade do Porto, a investigadora dedicou a sua tese de
doutoramento ao artista plástico portuense Marques de Oliveira.

A conferencista considera que “a prolongada estadia estival do artista
numa escolha voluntária que se estendeu ao longo de treze anos (1880-1893) fez
da Póvoa de Varzim, uma “Meca” para outros artistas: cor, misturada com o
quotidiano de trabalho e lazer,  de uma Póvoa de Varzim dada a conhecer no
Porto e em Lisboa, atraindo nessa divulgação mais veraneantes”.

“Praia de Pescadores”, “Praia de Banhos” e “Esperando os Barcos” foram as
obras de Marques de Oliveira a que Assunção Lemos recorreu para ilustrar o
retrato das praias poveiras patente nos trabalhos do artista portuense, nomeadamente,
da freguesia de Aver-o-Mar, e toda a paisagem envolvente de barcos, pescadores
e familiares que aguardam o regresso dos homens do mar. “Marques de Oliveira
fizera da Póvoa de Varzim o seu refúgio temporário, que abandona em 1893, quando
o seu amigo Silva Porto faleceu”, afirmou Assunção Lemos acrescentando que
entre os dois artistas havia uma grande cumplicidade.

Assunção Lemos referiu ainda a dificuldade do artista plástico em ver
reconhecido o valor e a qualidade dos seus trabalhos, relembrando o poder que a
capital detinha, menosprezando que “na periferia atravessada pelo comboio há
gente que labuta, sofre e morre por falta de investimento e de um olhar mais
atento e afectuoso”.

João Marques da Silva Oliveira (Porto, 23 de Agosto
de 1853 — 9 de Outubro de 1927) foi um pintor naturalista português,
considerado,  a par com Silva Porto,
introdutor do naturalismo em Portugal. Em 1864 entrou para a Academia de
Belas-Artes, completando o curso de história da pintura em 1873. Viveu em
França de 1873 a 1879, com o seu colega Silva Porto. Em 1876 e 1877 viaja com
Silva Porto pela Bélgica, Países Baixos, Inglaterra e Itália onde permaneceram
mais demoradamente. Participa nos Salons de Paris de 1876 e 1878. Em 1879,
regressa ao Porto e, à semelhança de Silva Porto, introduz a pintura de ar
livre em Portugal. A partir de 1881, e até 1926, é professor na Academia
Portuense de Belas-Artes, onde ocupa o lugar de director.