O tema interessou aos poveiros que sobrelotaram o espaço e, durante duas horas e meia, muitas ideias e projetos foram discutidos, não apenas pelos convidados como pelo público, essencialmente comerciantes e moradores.

À mesa estiveram o Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, os arquitetos Rui Bianchi e Jaime Furtado, o Presidente da Associação Empresarial da Póvoa de Varzim, Gomes Alves, e o comerciante Luís Milhazes, ex-dirigente da Associação Comércio ao Ar Livre (ACAL).

Apesar da variedade de temas debatidos, um suscitou maior interesse: a possível cobertura da Rua da Junqueira. A presença de Jaime Furtado, arquiteto que concebeu um projeto de cobertura no âmbito da sua tese de Mestrado, levou a que o público e convidados opinassem sobre esta possibilidade, demorando o debate neste assunto em particular. Houve quem se pronunciasse a favor, houve quem se pronunciasse contra, mas todos aguardavam com alguma ansiedade a opinião do Presidente da Câmara. E foi isto que o autarca disse: “o investimento de alguns milhões não pode ter repercussão apenas no comércio de uma rua. Tem de ser algo que alavanque toda a estrutura comercial da cidade e seja uma referência e uma curiosidade arquitetónica. Se um dia voltarmos a este assunto teremos de ter em conta o custo/benefício e que a equação seja positiva para a cidade, e não só para a Rua da Junqueira. Nenhum de nós está em posição de dizer que sim ou que não sem amadurecermos muito esta ideia”. Aires Pereira refletiu, ainda, sobre “as questões de salubridade para quem lá mora. Passaríamos a viver debaixo de uma tenda de campismo e as condições de ventilação seriam afetadas. Mas, tudo isto é suscetível de ser resolvido. Hoje tudo é possível. Mas, se os espaços estão todos ocupados na Rua da Junqueira, qual seria a mais-valia?”, questionou. Para Aires Pereira, “querer transformar a Rua da Junqueira em um mini centro comercial é um erro. Não tem as potencialidades de um centro comercial, onde é tudo igual. Mas, eu gosto mais de andar mais na Junqueira, onde encontro pessoas que conheço, onde os funcionários das lojas são os mesmos. Num centro comercial é tudo desumanizado. É esta a diferença entre uma rua comercial e um shopping. A nossa Rua da Junqueira não é igual a nada, é a nossa Rua da Junqueira”.

Aquilo que potencia o Cine-Teatro Garrett é fantástico, aquilo que a Fortaleza irá trazer à cidade também e é esta a nossa aposta por enquanto”.

Os horários das lojas, a sua possível abertura à hora do almoço, por exemplo, foi outro dos temas debatidos. Se alguns comerciantes mostraram-se dispostos a abrir durante esse período, outros mostraram-se relutantes pelas despesas inerentes a essa opção. Para moderar estas vontades e, ainda, dinamizar a Rua da Junqueira “levando lá as pessoas às horas que elas habitualmente não vão”, Aires Pereira deixou um repto a Luís Milhazes: a criação de uma outra ACAL, com uma visão moderna. Não podemos ser passivos, temos de ir à procura das pessoas”.