Entre o público
destaca-se a presença de Alberto Eiras e Armando Marques, que em
1955 colaboraram na “Missão Internacional de Arte”, evento organizado
por Júlio Resende, na altura em que era professor na Póvoa de Varzim. Aqui, e
graças ao apoio conjunto entre a Câmara Municipal e o Casino da Póvoa,
reuniram-se dezenas de artistas de vários países que, inspirados directamente
pelas paisagens e ambientes locais, realizaram pinturas, desenhos e esculturas,
no final expostas no Casino.

Agora, e novamente
fruto de uma colaboração entre a autarquia e o Casino, o Museu Municipal
acolheu “O Regresso à Póvoa”, que inclui desenhos e pinturas elaborados entre
1958 e 2007, respeitando os desejos do artista.

A comparência destes
dois poveiros na visita fez com que esta se realizasse de forma muito
participativa, havendo troca de informações e recordações. Sobre o público que
visitou a exposição, o Museu Municipal informou que incluía pessoas de todas as
idades. Outra curiosidade foi o facto desta mostra de Júlio Resende ter atraído
ao Museu Municipal um público diferente do habitual, apreciador de arte
contemporânea que ficou assim a conhecer o novo museu.

No catálogo dedicado à exposição, Júlio Resende
recorda tempos que passou na Póvoa de Varzim, em virtude de ter leccionado na
nossa cidade em 1954. “Cinquenta anos não fizeram esquecer os alunos de então e
o seu entusiasmo por essas aulas tão perto dos barcos aguardando novas
investidas no mar”, escreveu. Um cenário sempre presente na vida do pintor e
que por isso o levou a dedicar a exposição “a todo o Poveiro, talvez como uma
das últimas exposições da minha vida”. Sobre as pinturas expostas, Júlio
Resende explica que estas resultaram “de vários locais por onde passei,
interessando-me pelo modo como o homem e a paisagem sempre constituíam uma
dualidade onde quer que ele se encontre e Continente fora. Não surpreendem as
técnicas de circunstância empregues, o Desenho e a Aguada, o bloco e a
garrafinha de água e o saco onde tudo se leva a tiracolo: até o sonho… A
exposição também compreende igualmente a pintura a óleo, aquela que nunca
deixei de praticar, identificando-me a um estilo expressionista que não
escondo”.