Numa narrativa muito intensa, o autor
relembra a época áurea em que a extracção e exportação do volfrâmio produziu
imensas fortunas e enriqueceu os cofres dos estados levando a “um
enriquecimento sem justa causa que provocou imensos disparates”, referiu Miguel
Miranda.

O médico escritor resume o seu romance a “histórias de amor tecidas sobre
um pano de fundo de volfrâmio”, que ao som da guitarra de Carlos Cunha foram
lidas pelo próprio autor, despertando a curiosidade do público.

Isabel Rio Novo foi responsável pela
apresentação da obra que considera ter subjacente “um processo de alternância
entre duas narrativas, o tempo da Guerra Civil Espanhola e da II Guerra Mundial
e o da actualidade, que se entrelaçam no cruzamento de dois tempos, passado e
presente”. O passado, convocado de forma estranha pela alma de Serafina Amásio,
antes de abandonar o corpo, cruza-se com o presente, revivendo amores e
desamores de cada época, no lugar recôndito de Vilar das Almas e por esse mundo
fora. Nesta viagem também se entrecruzam dois planos, o plano do real e o do
sobrenatural, realçando a personagem real Aristides de Sousa Mendes, a quem
Miguel Miranda pretendeu prestar homenagem pelo seu importante papel na II
Guerra Mundial.

A obra é a saga de um país e das suas
almas, vivendo  de um passado faustoso e iluminado, sem canalizar forças
para o futuro. É uma reflexão sobre a diáspora e as gerações de novos párias,
uma ode ao amor nas suas mais diversas e estranhas formas.

O
Rei do Volfrâmio
é o quinto romance
de Miguel Miranda, seguindo-se a O
Silêncio da Carpideiras
, também editado pelas Publicações Dom Quixote.
Miguel Miranda é médico e autor de vários romances, contos, policiais e livros
infanto-juvenis. Recebeu o Grande Prémio do Conto APE pelo livro Contos à Moda do Porto (1996); o Prémio
Caminho de Literatura Policial pelo livro O
Estranho Caso do Cadáver Sorridente
(1997) e o Prémio Fialho de Almeida
pelo livro A Maldição do Louva-a-Deus (2001).