O investigador da área filosófica
considera que “a arte age, é activa e tem como função gerar unidade”. Pode
gerar-se unidade tendo por referência o que os indivíduos sentem, pensam, hoje,
no momento, ou indo atrás da reflexão. No presente, a arte é chamada a
responder a uma expectativa. Ela é capaz de mudar o modo como nós somos capazes
de enunciar, nomear as coisas do mundo. A arte precisa de tempo, e o tempo de
que ela precisa é o tempo de mudar o mundo, prosseguiu António Pita. O
professor reconhece que “a arte causa impactos e o seu aspecto material mudou
aspectos fundamentais na própria noção de arte. No entanto, “o modo como actua
na curta duração é sempre mais frágil do que a longo prazo”, concluiu.

António
Pedro Pita, doutorado em Filosofia Contemporânea, é Professor Associado do
Instituto de Estudos Filosóficos da Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra, director da Sala de Estudos Cinematográficos e docente da Licenciatura
de Estudos Artísticos. É investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares
do Século XX no âmbito do qual coordena o grupo de investigação “Correntes
Artísticas e Movimentos Intelectuais”. Faz ainda parte do Conselho
Científico do Instituto de Estudos Ibéricos e é actualmente o responsável pela
Delegação Regional de Cultura do Centro.

Os
“Cafés com Filosofia” inscrevem-se numa nova modalidade de debate
filosófico nascida em França em 1992, no Café des Phares, na Praça da Bastilha,
em Paris, por acção do filósofo francês Marc Sautet, entretanto falecido. Num
espaço público, neutro e não escolar, fora de qualquer relação hierárquica mestre-discípulo,
dirigido a um público indiferenciado mas que partilha a vontade de procurar
saber, rompendo com a relação orador-auditório, uma vez que todos os
participantes são mobilizados para o debate, constitui um momento de partilha
das preocupações e dos problemas mais profundos e inerentes à nossa condição
humana.

A iniciativa foi organizada pela Associação de
Professores de Filosofia e este foi o 11º café com filosofia no âmbito de uma
iniciativa iniciada em 2004, em Coimbra, e o primeiro a norte de Coimbra.