Convidada
pelo Arquivo Municipal, a professora da Faculdade de Letras da Universidade do
Porto, Cristina Cunha, demonstrou que é possível, em pouco mais de uma hora,
compreender a evolução da língua latina e perceber que o acto de escrita, sobre
o qual tão poucas vezes se reflecte é o produto de um processo evolutivo que
culminou numa uniformização, a partir do século XVI e da invenção da imprensa. Para
a docente universitária, este foi um momento crucial na história da escrita,
bem como a saída, na maior parte dos países europeus, a partir do século XII/
XIV, da escrita do interior dos mosteiros: “se nos mosteiros se escrevia para
salvar a alma, com a secularização da escrita e da cultura, passou-se a
escrever para ganhar dinheiro”. Portugal não acompanhou, no entanto, esta
tendência europeia, como explicou Cristina Cunha, lembrando que parte do
território nacional permaneceu, pelo menos até ao início do século XIII, sob o
domínio mouro, o que determinou que a escrita permanecesse no interior dos
mosteiros, seguindo os padrões mais antigos da escrita visigótica. Quando a
letra carolíngea, imposta por Carlos Magno como forma de uniformizar a escrita,
chegou a Portugal, estava já a cair em desuso em muitos dos países europeus em
que vigorara. O Renascimento, que vai, mais tarde, recuperar o modelo
carolíngeo, a invenção da imprensa, a necessidade de escrever depressa e de
forma uniformizada, de forma a acelerar e melhorar os processos de comunicação,
foram outros dos aspectos abordados nesta conferência que teve como tema “Porque
escrevemos assim”? Raízes e Evolução da Nossa Escrita”, aberta ao público
em geral, embora se destinasse especificamente aos alunos da Escola Superior de
Estudos Industriais e de Gestão (eseig).

No dia 27, sexta-feira, às 15h00, também no
Auditório Municipal, esta conferência volta a ter lugar, mas será destinada aos
alunos do ensino secundário.