A Revista de Imprensa da Manhã Informativa foi da responsabilidade do autarca poveiro que não pôde deixar de manifestar a sua preocupação com a questão do Porto de Pesca.

A este propósito revelou que “ontem, o Porto de Pesca voltou a estar fechado. É um prejuízo enorme para a economia local o encerramento da barra do Porto de Pesca. Acho que não aprendemos nada com o ensinamento do ano passado. Mais de uma dezena de pescadores perderam a vida justamente por terem que procurar outros portos para exercer a sua profissão e terem que procurar outras embarcações uma vez que isto se vai traduzir numa paragem de muitas embarcações. Desde outubro do ano passado que andamos a falar constantemente neste problema, quer a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim quer a de Vila do Conde, quer a Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar. No entanto, chegamos ao mês de setembro, decorrido praticamente um ano, e a Administração Central não foi capaz de concluir um processo que permitisse que durante o Verão fosse feita a dragagem mínima que permitisse operar no porto”.

O autarca continuou “ainda o inverno não começou e a barra já está fechada. Vai ser um inverno difícil para os pescadores, estamos a falar da maior comunidade piscatória do país, entre Póvoa e Vila do Conde”.

Sobre a intervenção necessária, Aires Pereira explicou: “estamos a falar de um trabalho que estava orçado em cerca de um milhão de euros. Houve dinheiro desde o início do ano para se fazer o respetivo concurso e adjudicação e para que fosse feita a dragagem durante o período de verão. A Senhora Ministra foi em março à Póvoa de Varzim anunciar que em maio se iriam iniciar os trabalhos. Estamos no final do mês de setembro, o inverno está aí, já não vai haver condições físicas para a execução dessa dragagem e vamos voltar a viver um inverno de grande preocupação, com os nossos pescadores todos os dias a arriscarem porque é disso que depende a sua subsistência e a das suas famílias e não há respostas”.

O autarca concluiu, advertindo: “Daqui para a frente o que vier a acontecer será, naturalmente, da responsabilidade de quem tinha a obrigação de resolver o problema e até hoje não o resolveu”.

Sobre os assuntos que marcam a atualidade nos jornais nacionais, Aires Pereira falou sobre: Jovens portugueses a combater com jihadistas na Síria: “é algo que nos vai entrando pela porta dentro. Não nos apercebemos, na nossa vida quotidiana, deste tipo de recrutamentos e quando damos por ela esta é uma situação que pode acontecer a qualquer um de nós.

Os portugueses vivem cada vez mais isolados e numa realidade virtual que é hoje a disponibilidade de informação, nomeadamente através da Internet, e vemos jovens a confundir a realidade com aquilo que veem nessa disponibilidade de informação”.

Sobre possíveis efeitos negativos do reverso da medalha, ou seja, um clima de medo, racismo ou até xenofobia gerados pela extrema-direita, o autarca considera que “as nossas próprias liberdades, de alguma forma, irão sofrer certas restrições por força deste conjunto de medidas que é preciso tomar. Isto irá condicionar a vida de todos nós”.

A este propósito, Aires Pereira lembrou o problema das abelhas e vespa asiática: “nós não demos por ela, foi aparecendo. Só começamos a dar por ela quando, definitivamente, começa a interagir e interferir connosco, quer seja pelas nossas explorações comerciais, quando destroem as colmeias, quer quando nos atacam diretamente. A velha Europa, que está muito acostumada a esta democracia de uma forma cristalizada tem tendência a reagir e quando reagimos, reagimos sempre em cima do acontecimento e não com a distância que permita de algum modo criar medidas mais racionais, algumas com certeza que nos irão afetar a todos”.

Sobre a fiscalidade verde, o autarca transmitiu que “as políticas mais amigas do ambiente vão custar, e muito, aos contribuintes portugueses”.

Enquanto Presidente da Lipor (empresa responsável pelo tratamento de resíduos de 8 municípios da AMP), Aires Pereira referiu que já “começamos a perceber a implicação que esta dita fiscalidade verde vai ter naquilo que é a vida das pessoas. Se a proposta não for alterada, só em termos da incineração que a Lipor pratica, iremos ter um agravamento de cerca de 30% no que diz respeito à taxa de resíduos”, ou seja, “um agravamento significativo deste serviço que é prestado. O mesmo se irá passar ao nível dos aterros”. Em suma, “ a intenção é boa a nível de haver uma política fiscal que desagrave todos aqueles que possam contribuir para uma melhoria da qualidade de vida ambiental mas, da forma como está a proposta em cima da mesa, penso que única e simplesmente se irá traduzir num agravamento fiscal significativo na bolsa dos portugueses”. Por isso, “haverá que ponderar estas medidas”, advertiu Aires Pereira.

No âmbito da saúde, nomeadamente sobre o anúncio do novo medicamento para a hepatite C que vai ser dado a 150 doentes até ao final do ano, referiu que “é costume dizer-se que a saúde não tem preço, mas tem custos. Este exemplo pode ser comparado com aquele que se passou com a introdução do tafamidis para os doentes com paramiloidose, há dois anos atrás. Constituiu uma nova esperança de vida para todas as pessoas que tinham que ser intervencionadas dessa doença fatídica que tem origem na Póvoa de Varzim”.

Quanto à hepatite C, “é preciso perceber nestes primeiros 150 casos que vão ser atendidos qual é o resultado efetivo da disponibilização deste medicamento. Acho que é um esforço significativo por parte do governo, é algo que deve ser naturalmente realçado mas é preciso que seja mais abrangente”, constatou o edil.