Assim sendo, o documento a ser divulgado no mês de Abril é o Livro que há-de servir para a entrada dos expostos, datado de 1826 a 1839, pertencente à série documental Registo de entrada dos Expostos na Roda.

Com a partilha deste documento, o Arquivo dá a conhecer o fenómeno da Roda dos Expostos ou enjeitados, criada em França em 1188 pelo Papa Inocêncio III. A Roda era parecida com as portas giratórias actuais. Normalmente instalados nas portas das igrejas e conventos, cilindros de madeira giratórios serviam para que mães deixassem seus filhos em mãos seguras, sem serem identificadas, mantendo o anonimato exigido por uma era marcada pelo preconceito e discriminação. Era também uma forma de combater o alto índice de recém-nascidos que eram encontrados mortos. Em Portugal, as Rodas foram criadas em 1783 e existe registo de entrada de crianças na Roda na Póvoa de Varzim, desde 1826 a 1839 em documentos que integram o espólio do Arquivo Munipal.

O encargo dos expostos era bastante dispendioso para as Câmaras e em Junho de 1850 foi extinta a Roda da Póvoa de Varzim, sendo que em Julho do mesmo ano os expostos foram mandados para a Roda de Coimbra. Manteve-se, porém, ainda durante alguns anos, uma Roda de transição reclamada pela Câmara, por ela ser de absoluta necessidade nesta vila, centro de vários concelhos e onde afluem imensos Expostos. A de Coimbra acabou em 1872, tendo-se criado em sua substituição o Hospício dos Abandonados.

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