“É uma alegria estar aqui nesta 15ª edição do Correntes d’Escritas ao lado da Maria Manuel Viana. E quero começar por dizer que o livro dela é mais fácil. Toda a gente sabe que escrever um romance é muito mais fácil que escrever contos”, brincou Rui Zink.

O autor afirmou que “o mundo está cheio de quase romances que se vendem como romances, ou porque os editores decidem chamar-lhes romances ou porque são livros de crónicas que dizem que se podem ler como romances. Este é um livro de sete crónicas apartadas, sete textos separados mas com ligações feitas por mim ou pelo próprio leitor. Repetirmo-nos é sinal de que as ideias são mesmo nossas. Quando alguém está sempre a fazer coisas diferentes pode ser sinal de que veste roupas alheias”.

Rui Zink explicou que “este é um livro experimental porque são textos que têm uma forma diferente de dizer. Um dos textos tinha sido feito em prosa e depois pu-lo em verso – não digo poesia, digo mesmo em verso. Outro dos textos parece uma peça de teatro e – espantosamente – é uma peça de teatro. Espero ter publicado o livro com o título mais impronunciável do ano. É um livro que exige um leitor que tenha lido livros, que diz ao leitor: “primeiro vai ler os clássicos e depois lê-me”.

No livro de Maria Manuel Viana “a realidade é muito mais inverosímil do que a ficção, diz, a certa altura, uma das personagens deste romance. O aqui narrado parte da concepção fantasmática de um génio, uma espécie de mundo de ficção científica, com dois universos paralelos habitados por nómadas, essas substâncias simples, esses pontos metafísicos, essas individualizações infinitamente pequenas, como quartos sem portas nem janelas dentro de uma pirâmide cuja base tenderia ao infinito, onde bastaria uma ínfima coisa para passar de uma realidade para outra, e onde cada um de nós vê o seu duplo e pode escolher entre ser herói ou banal, amar ou resignar-se, sentir prazer ou raiva com a felicidade alheia, lutar pela liberdade ou jogar as regras do jogo, viver com dignidade ou ser passivo, aceitar a ignomínia ou revoltar-se, julgar o outro pondo-se no lugar dele, adoptar muitas perspectivas para perceber o todo, perguntar-se em que é que a ficção supera a realidade, se na beleza ou na construção não tão utópica quanto poderia parecer do melhor dos mundos possíveis”.

Nesta 15ª edição das Correntes d’Escritas será lançado o seu mais recente livro A Teoria dos Limites, da Editora Teodolito.

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