“a
lembrar aprender registando” contou com a participação de Emília Nóvoa Faria
Frasco, investigadora, e de Armindo Ferreira, Presidente da Junta de Freguesia
de Rates, enriquecendo-se com os contributos dos presentes, nomeadamente
Filomena Barbosa (sobrinha de Fernando Barbosa e filha de Jorge Barbosa),
Justino Pereira e Alberto Eiras.

Luís
Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, referiu que “a memória é como a
verdade, cada um tem a sua” porque temos visões diferentes do presente e “o
presente de amanhã será apenas uma memória de hoje”.

Neste
sentido, o Vereador da Cultura realçou a importância de “ir registando” e
contribuirmos para “a transmissão da memória”.

A
este propósito, Luís Diamantino definiu o Boletim
Cultural da Póvoa de Varzim
como um “monumento à memória” porque esta
publicação municipal, que em breve contará com o volume 45, reúne “um trabalho
de diversos investigadores que, ao longo dos tempos, contribuíram com a sua
pedra para erigir este monumento”. Coube aos diferentes Diretores do Boletim
definir o que deveria ser preservado na memória coletiva, acrescentou.

Emília
Nóvoa Faria Frasco apresentou a evolução da Póvoa de Varzim entre 1910 e 1990,
destacando década a década o que mais marcou cada período da nossa história
local. A investigadora e co-autora da edição municipal Um instante com cem anos “O Comércio da
Póvoa de Varzim”
tem por base este periódico, fonte fundamental para a construção
da história da Póvoa.

Foi
na década de 1910 que surgiu o projeto de requalificação da Avenida dos Banhos,
primeira etapa de um processo de modernização da nossa cidade, e na década de
1920 foi inaugurada a luz elétrica e a rede telefónica e realizou-se a 1ª Festa
Marítima Portuguesa.

Da
década de 30 destacou o Casino como um equipamento extremamente importante para
a Póvoa e foi também nesta altura que teve lugar a 1ª Exposição Regional de
Pesca Marítima.

De
40 realçou o filme Ala Arriba de Leitão de Barros e a comemoração do centenário
de Eça de Queirós.

E
se a cultura (Vasques Calafate e a importância do Porto de Pesca; Catálogo
Internacional de Arte) marcou a década de 50 já na de 60 distinguiu-se o
desporto (Varzim Sport Clube foi campeão).

A
elevação da Póvoa a cidade e a Revolução dos Cravos marcaram a década de 70 e
de 80 Emília Nóvoa designou Santos Graça e Manuel Lopes pela sua dedicação
extrema à cidade.

A
investigadora terminou na década de 90 com uma citação de Agustina de
Bessa-Luís: “A Póvoa em toda a sua glória…”.

Sobre
São Pedro de Rates, Armindo Ferreira afirmou que “há tantas histórias como os
olhos que as veem” revelando tratar-se de uma história que acompanha há muitos
anos, considerando-se alguém que tem uma relação íntima com o meio, “é dali que
eu sou”, assumiu. E daqui partiu para a partilha da evolução que a sua terra
foi sentindo ao longo dos tempos: “sou de um tempo em que os meus mais
marcantes conterrâneos eram agricultores, depois lavradores, empresários
agrícolas e atualmente agroindustriais”.

Antigamente,
as pessoas cultivavam tudo o que precisavam para consumo e o que sobrava
vendiam. Havia dois espaços a que recorriam: campo para cultivo e bouça. Os
animais, alojados no rés-do-chão das casas, faziam o aquecimento natural das
habitações.

Esta
realidade foi radicalmente alterada com a adesão de Portugal à União Europeia
em 1986: a monocultura intensiva veio substituir a policultura extensiva,
cultivando-se apenas milho para o consumo do gado e este passou a estar num
espaço construído propositadamente para o efeito.

À
mercê desta transformação que causou um corte radical com o passado, Armindo
Ferreira sentiu necessidade de criar o Ecomuseu, um testemunho do passado
agrícola da freguesia que reúne um conjunto de realidades singulares que
sustentam o modo de viver rural, desde moinhos de água e vento, a fornos de
cozer o pão, lavadouros e fontes. O Ecomuseu de Rates é o único no país no
espaço de uma só freguesia, constatou.

Atualmente,
Rates é o maior produtor nacional de leite e de carne e é nesta freguesia que
está instalada a LEICAR – Associação dos Produtores de Leite e Carne e também a
Escola Agrícola de São Pedro de Rates, informou.

Para Armindo Ferreira, São
Pedro de Rates evoluiu no sentido adequado verificando-se uma “evolução
dinâmica com a terra”.