O livro resulta do desejo de António Baptista de Lima homenagear o
seu avô, fundador da tipografia, e compilar edições da sua autoria numa
reedição que integra a Colecção Na Linha do Horizonte – Biblioteca Poveira.

O
volume, reúne, em edição fac-similada, duas obras há muito esgotadas – a Monografia da Póvoa de Varzim, de 1939,
e os nove números da revista “Póvoa de Varzim – Materiais para a sua monografia
histórica”, de 1953-54 de João Baptista de Lima e ainda um estudo da autoria de
João Francisco Marques “Evocação da vida e obra de João Baptista de
Lima”. Responsável pela apresentação do livro, este último prestou uma
homenagem a João Baptista de Lima dando a conhecer parte da vida e obra do
homem que legou à Póvoa a Tipografia Camões.
Recordando a sua passagem por diversas profissões, nomeadamente barbeiro,
funcionário municipal, publicista, jornalista, tipógrafo e escritor, João
Marques defendeu que a fundação, em 1908, da
Tipografia Camões proporcionou a João Baptista de Lima “a liberdade e o
suporte logístico para se lançar em mais largos voos”. O professor lembrou
ainda o carácter polémico do tipógrafo “possuidor de um estilo correntio, que redigia
com facilidade, sabendo ajustar-se às circunstâncias que deparava” e recordou,
a título de exemplo, as escaramuças linguísticas que trocou com o professor
Fernando Barbosa. “Testemunho de um bairrismo generoso e combativo, o
tipógrafo-publicista João Baptista de Lima vestia-lhe a pele nas variadas
circunstâncias do quotidiano local, defendendo valores e causas culturais e
humanitárias numa solidariedade emocional de que a imprensa era palco
privilegiado”, adiantou João Marques na sapiente exposição de apresentação da
obra e do autor.

monografia 01

Do
avô, António Baptista de Lima ainda questiona a pluralidade de ofícios, “homem
de letras, de tertúlias, livros e jornais, acima de tudo, um homem do fazer”,
preocupado com o que se passava à sua volta. Relembrou as estratégias usadas
pelo avô para fugir à censura, na época da ditadura, dado o controlo que o
poder político instituído exercia sobre
as obras impressas na Tipografia. Reconhecendo que a Tipografia Camões é
a obra de um homem mantida por várias gerações, António Baptista de Lima
assumiu a responsabilidade de a manter viva e garantir a sua continuidade nos
tempos, com trabalho e dedicação. Dedicação que foi publicamente reconhecida
por Luís Diamantino, Vereador da Cultura, que afirmou que “o Sr. António só
consegue fazer as coisas com carinho e esse carinho reflecte-se na edição deste
livro”.

monografia 02

Esta co-edição resulta de um trabalho conjunto da Câmara Municipal e da
Tipografia Camões, sendo que, pela primeira vez, a Biblioteca Poveira publica
um número da sua colecção em parceria. Luís Diamantino aproveitou a ocasião
para revelar que a autarquia vai apostar nas re-edições e o Professor João
Marques será o coordenador deste repositório poveiro que será, com certeza,
enriquecido com o seu contributo. O Professor foi ainda convidado a presidir a
Comissão das Comemorações do Ano Rocha Peixoto, celebrado em 2009, para que
este tenha eco em todo o país cultural, afinal “Rocha Peixoto é da Póvoa de
Varzim”, concluiu o autarca.

Ainda no âmbito das Comemorações do Centenário da
Tipografia Camões estará patente até 31 de Julho, na Biblioteca Municipal, uma
exposição documental dedicada a António Baptista de Lima e à Tipografia Camões.