Armando
Marques, antigo responsável pelo Serviço de Turismo, deu testemunho das suas
memórias referindo-se à evolução do turismo na Póvoa de Varzim. “Foi em meados
do século XVIII que a Póvoa começou a ser procurada como cidade de veraneio e
os banhos quentes eram um forte factor de atracção turística”, revelou. A este
propósito, mostrou várias fotografias que retratavam vários aspectos ligados à
praia, desde o vestuário usado na altura, aos balneários existentes e ao
banheiro, figura importantíssima para o desenvolvimento da nossa praia. A par
disto, a hotelaria também se desenvolveu, sendo que havia a tradição de alugar
quartos. Outra vertente a destacar na época era o facto de surgirem cafés com
variedades e jogo que, mais do que um espaço de convívio, eram também local de
lazer e diversão. A nível de acessos, a Póvoa beneficiava dos
caminhos-de-ferro, lembrou.

O antigo
responsável pelo Serviço de Turismo evocou ainda a realização de touradas na
nossa cidade e a gastronomia e doçaria poveiras como factores de atracção
turística. Referiu-se, igualmente os circuitos pelas freguesias, desde a praia
piscatória de Aver-o-Mar, aos campos masseira de Aguçadoura, ao Monte de São
Félix em Laundos e a Igreja Românica de São Pedro de Rates. Em suma, partilhou
com o público um roteiro de lugares e um roteiro de memórias.

Marco
Rebelo, responsável pelo Projecto Estratégico para o Turismo na Póvoa de
Varzim, apresentou alguns dados do seu Plano posicionando o desenvolvimento
turístico da região norte em relação ao país e do nosso concelho em relação à
Área Metropolitana do Porto (AMP). Nos últimos anos, houve uma estagnação no
número de dormidas no Norte que, face ao decréscimo no resto do país, é
encarada como crescimento.

As
oportunidades turísticas na Póvoa de Varzim passam pelo aproveitamento dos
nossos recursos culturais para novo posicionamento face aos caminhos de
Santiago, o aumento exponencial do número de turistas que desembarcam no
aeroporto Francisco Sá Carneiro que pela proximidade e boas acessibilidades chegam
à nossa cidade e a qualificação e ampliação da Marina da Póvoa promovendo o
turismo náutico com propostas de intervenção que visem a qualidade das
estruturas, mais indicadores, mais notoriedade e qualidade dos serviços.

Joel
Cleto, arqueólogo e Chefe de Divisão da Promoção Cultural e Museus – Câmara
Municipal de Matosinhos, falou sobre os Caminhos de Santiago enquanto realidade
do Catolicismo e do Cristianismo. Na sua opinião, este é um tema de grande
actualidade tanto mais que os Caminhos de Santiago têm vindo a crescer de modo
exponencial, realçando o crescimento surpreendente do Caminho Português em
detrimento do Caminho Francês.

A Póvoa
de Varzim é um território privilegiado nos Caminhos de Santiago, qualquer que
seja o percurso escolhido (Caminho Central, Caminho da Costa e Caminho
Marítimo), sendo que é no nosso concelho, na freguesia de São Pedro de Rates,
que se localiza o primeiro albergue, um dos sítios mais emblemáticos dos
Caminhos.

Quanto à
escolha deste tema no âmbito do Dia Mundial do Turismo, Joel Cleto afirmou que
“os Caminhos de Santiago têm claro impacto turístico e económico e este é um
momento crucial, em que vai crescer exponencialmente”. Neste sentido, alertou
que “será necessário criar condições com albergues, estruturas de apoio ao
peregrino, painéis indicativos e outros, sem que, no entanto, se caia no erro
de comercializar em demasia o produto”.

Timothy
Oswald, Leitor do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro,
apresentou as conclusões de um estudo realizado sobre “O olhar do turista
estrangeiro e representações de Turismo em Portugal”. Com esta investigação,
que tem por base blogues, chats, sites específicos, páginas pessoais e
reportagem jornalística, Timothy Oswald pretende analisar as representações
culturais inerentes nestes textos e comparar as mesmas com a literatura
produzida para orientar esta experiência e elaborar algumas orientações para
que a produção de informação turística (e não só) possa melhor enfrentar o
desafio de diferenciar a oferta. Em suma, este estudo poderá ser uma maneira de
aproximarmos o que fazemos àquilo que os turistas procuram. As condições da
estadia, a caracterização geral do país e a descrição de actividades foram
alguns dos tópicos analisados e apresentados com opiniões variadas e curiosas.

José
Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, referiu-se à
importância que o Casino da Póvoa teve para o desenvolvimento turístico e
económico do concelho, sendo que as verbas de jogo foram fundamentais para o
crescimento e requalificação da Póvoa.

Quanto à situação actual do turismo, o edil afirmou
que “Portugal não é e não será atractivo tendo em conta o valor do euro”, apontando
alguns problemas insanáveis da Europa, nomeadamente, o valor do euro, querer
fundos do Norte da Europa sem perder soberania e a crise financeira mundial.
Face a esta conjuntura, o autarca informou que “na Póvoa de Varzim, a Câmara
Municipal não tem esqueletos escondidos nos armários, do ponto de vista
financeiro. E isto porque houve uma gestão com muito juízo e sentido de futuro”.