O Executivo Municipal, na Reunião de Câmara de ontem, efetuou votos de pesar pelo falecimento dos pescadores naufragaram no passado mês de janeiro, da figura incontornável da classe piscatória poveira, Susana da Costa, e da escritora Luísa Dacosta.
O Presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, afirmou: “que mal fizeram os pescadores poveiros (quem diz poveiros diz caxineiros – e diz, no fundo, pescadores de qualquer mar) para que tão madrasta lhes seja a vida, num tempo em que esta faina devia garantir, como qualquer outra, segurança e recompensa?”
A 14 de Janeiro, ao largo de Sintra, o mar roubou ao Santa Maria dos Anjos cinco dos seis pescadores que nele trabalhavam – e, desses cinco, três (Isaac Martins, Américo Martins e José da Silva Nunes) eram da Póvoa. Até hoje continuam desaparecidos, que o mar, apesar das buscas, nunca mais os devolveu. Duas semanas depois, a 28 de Janeiro, em águas inglesas (Dover), naufragou uma embarcação que tinha a bordo um poveiro (Américo Martins dos Santos). Dos quatro embarcados, dois foram recuperados um dia depois, em costas francesas, os outros dois (entre estes o nosso conterrâneo) continuam desaparecidos.
Nascida em Vila Real e radicada em Matosinhos (onde veio a falecer), Luísa Dacosta é, também e notoriamente, poveira. Disse, em entrevista, que, quando criança aprendeu com o povo da sua cidade a colecionar palavras como as outras pessoas colecionavam objetos e que, mais tarde, aprenderia lições de vida com as mulheres de Aver-o-Mar. “Foi, aliás, em Aver-o-Mar, no moinho que ali possuiu e que foi seu refúgio inspirador, que nasceram algumas das quase 30 obras publicadas, ao longo de meio século de criação literária em géneros tão diversos (e nela tão convergentes) como a crónica, a poesia, o diário e a literatura infantil”, explicou Aires Pereira.
Susana Ribeiro da Costa – ou, simplesmente, a Susana “Pescadeira”, para os de fora a “Peixeira” da Póvoa, tal era a preponderância que lhe reconheciam naquela colmeia e naquela arte – foi, de facto, não só grande referência no ofício de vender peixe, mas também, e ao longo de largas décadas, o símbolo de toda a mundividência associada à condição de uma mulher empreendedora. Orfã desde muito cedo, e quase iletrada, Susana absorveu, por transmissão oral, a pureza da cultura que transpôs para os seus hábitos de vida, para os rituais comunitários e para as relações comerciais. Essa autenticidade, inteligentemente gerida, serviu-lhe de alavanca comercial: depressa a menina que aos 9 anos se iniciou nas artes do pregão se fez proprietária de barcos e fornecedora de peixe para os clientes mais exigentes, nunca renegando as origens humildes.
Na Reunião de Câmara foi aprovado o Plano de Atividades e o Orçamento, para o ano de 2015, da Associação Pró-Música da Póvoa de Varzim. Este engloba a Escola de Música da Póvoa de Varzim, o Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim, o Concurso Internacional de Composição, o Quarteto Verazin e a Edição de Partituras.
A Real Irmandade de Nossa Senhora da Assunção irá usufruir de um subsídio, para a realização das Festas em honra de Nossa Senhora da Assunção, que vão acontecer no mês de agosto.