No dia 31 de maio, às 21h30, na Biblioteca Diana Bar será apresentado o livro "Cego do Maio: uma vida a salvar vidas" de José de Azevedo.
José de Azevedo, de seu nome José António Ribeiro de Azevedo, nasceu a 1 de Junho de 1935, no Lugar da Poça da Barca, em Vila do Conde. Fez a instrução primária
no Colégio de D. Nuno, na Póvoa de Varzim, e o secundário, até o 5º ano, no Liceu
Nacional da Póvoa de Varzim e 6 e 7º nos colégios Araújo de Lima e Almeida Garrett,
no Porto. Desde muito novo desenvolve intensa actividade no estudo e divulgação
da história poveira. Em 1961 propõe a revitalização das festas de São Pedro em
novos moldes. Nascem aí as rusgas, desfiles e arraiais nos bairros da cidade.
Colabora no “Ala Arriba”, “Comércio da Póvoa”, “Mundo Desportivo”, “Gazeta dos
Desportos” e “Jornal de Notícias”. Neste último foi seu correspondente na Póvoa
desde 1964 a 2006 e onde, de 1970 a 1972, escreveu na última página do caderno de
domingo, histórias sobre os homens do mar da Póvoa. De 1982 a 1990 foi director do
semanário local “A Voz da Póvoa”. Desde 2005 até 2011, publicou semanalmente no
semanário “O Comércio da Póvoa de Varzim” uma crónica de página inteira sobre
os pescadores poveiros, seus usos e costumes, com o título de “O Café da Guia”.
Ocupou lugares directivos nos seguintes clubes e instituições: Varzim S.C., Clube
Desportivo da Póvoa, Clube Naval Povoense, Bombeiros Voluntários da Póvoa de
Varzim; presidente (1973, 1985 e 2013/14) do Rotary Clube da Póvoa, do qual é membro
fundador; presidente da Confraria dos Sabores Poveiros (confrade fundador) desde
2011 e Presidente da Associação Socio-Cultural “Póvoa Ontem e Hoje”, desde
2015, actualmente Presidente Honorário. Foi Formador de “Legislação Marítima” no
Centro Forpescas e actualmente é professor de Teatro e História Local na Universidade
Sénior do Rotary Clube da Póvoa. No teatro musicado escreveu vinte e cinco
espectáculos de “Revista à Portuguesa” (texto e música) onde se destacava a crítica
local, quadros de comédia e costumes poveiros. Cumprindo o Serviço Militar em
“Metralhadoras 1”, em Belém, Lisboa, em 1956 escreveu, musicou e levou à cena a
revista “Eram Quase 200 Irmãos”, no Teatro Avenida, no centro da capital; em 1979,
para encerramento do Festival de Teatro Amador na Póvoa, escreveu a opereta “Não
há nada Como ter Um Tio Rico” no Teatro Garrett, e um Auto Ao Ar Livre “Cenas da
Vida Poveira”, representado no Largo do Castelo em 1962, nas primeiras festas de
São Pedro.
Em 1979 frequenta um curso de formação de Teatro – direcção de actores, orientado
por Luís Varela, do Centro Cultural de Évora e José Rui Madeira, do Grupo der Teatro
“Seiva Trupe”, do Porto, curso que deu origem ao 1º Festival de Teatro Amador da
Póvoa de Varzim. Em 1953, ainda no Liceu, escreve “Esperança” (poemas). Desde essa
data tem publicado na imprensa local e nacional, textos sobre usos e costumes da
comunidade piscatória poveira. É autor de 10 livros e vários opúsculos sobre o mesmo
tema. Publicou ainda “Subsídios para a História do Aqueduto de Vila do Conde(1988) e um livro – infanto – Juvenil ,”Joaninha – A Última Sereia”(2011).
Membro da Comissão de Iniciativa e Turismo de 1962 a 1974, Vereador do Pelouro de
Turismo de 1976 a 1978 e de 1978 a 1980 ocupou o cargo de Presidente da Câmara
da Póvoa de Varzim. É distinguido em Junho de 1995, na Câmara presidida pelo Dr. José
Macedo Vieira, com a “ Medalha de Prata de Cidadão Poveiro”.
Profissionalmente integrado no Quadro do Pessoal Civil da Marinha ( 1959/2005) foi
chefe de Secretaria na Capitania do porto de Vila do Conde e mais tarde na Póvoa de
Varzim, cargo que lhe permitiu um permanente contacto com a população pesqueira.
Em Abril de 2006, pelo seu desempenho profissional e trabalho em prol da imagem da
Marinha, é agraciado com a Medalha de Cruz Naval de 4ª Classe, atribuída pela
Marinha Portuguesa, em cerimónia realizada em 19 de Abril de 2006, no Comando
Marítimo da Zona Norte (Fortaleza de Leça da Palmeira). Em 6 de Janeiro de 2018
condecorado com a “Medalha Militar da Cruz Naval-1ª classe” atribuída pelo Comando
do Estado Maior da Armada, em cerimónia realizada na Biblioteca Diana-Bar, na
praia da Póvoa de Varzim, colar imposto pelo Secretário de Estado da Defesa
Nacional, Dr. Marcos Perestelo.
Sobre o livro José de Azevedo salienta “Tive a sorte de nascer e viver bem perto da casa onde viveu e morreu o Cego do Maio: tinha aí um trunfo a jogar. A casa onde se exilou para fugir à perseguição política dos seus “inimigos” estava situada paredes-meias com um extenso areal que mais tarde havia de pertencer a meus avós: outro trunfo na manga. Conhecedor da comunidade piscatória extremo-sul da Póvoa, na área do litoral que envolve a Igreja da Lapa, era outro trunfo a jogar na vida e obra do herói poveiro. Um naipe de trunfos-surpresa que se poderiam acrescentar, como mais-valia, à história da vida do mais medalhado dos pescadores poveiros e, sem errar muito, dos pescadores nacionais.
Partindo desses princípios havia que investigar mais sobre a sua época, a sua identidade e os seus gloriosos feitos. Parti à aventura como quem vai à pesca sem saber o que a maré dá. Mas, mergulhando no sábio conselho da mulher da Póvoa, barco parado não ganha vida… naveguei, parti à descoberta de pequenos tesouros de vida que pudessem identificar, com rigor, a personagem ímpar de um homem tão rude como meigo, tão humilde como herói, cujo lema de vida era «nasci para morrer no mar, salvando os meus irmãos de classe…»