O Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, bem como o Vice-Presidente, Luís Diamantino, estiveram presentes na sessão.

O conferencista revelou que “apesar de não ser um Professor Universitário da Área da Escultura, ao longo dos anos, tenho-me preocupado em conhecer a evolução da escultura e da pintura, das artes clássicas”. Daí que nesta conferência tivesse apresentado uma leitura que faz da evolução da escultura ao longo do tempo, ou seja, uma viagem até aos nossos dias, e o que a mesma diz às pessoas ao longo dos anos.

Afonso Pinhão Ferreira referiu que a escultura tem uma viagem até à escultura moderna e contemporânea no início do século XX com as grandes correntes artísticas. Neste sentido, enumerou as várias correntes explicando a sua evolução e diferenças: Escultura Expressionista; Futurista; Cubista; Construtivista; Dadaísta; Simbólica; Surrealista e Abstrata.

Para o Professor Catedrático da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto a 1ª Arte Clássica é a Música, a 2ª Artes Cénicas (dança, teatro, coreografia), a 3ª Pintura e a 4ª Escultura.

Na sua viagem pela escultura, Afonso Pinhão Ferreira transmitiu que “a escultura foi, durante muitos anos, a memória volumétrica do corpo ausente. A evocação do corpo desaparecido ou não presente é central na história da escultura. A escultura nasceu de outra atividade mais antiga: a Estatutária. E a estatuária sempre foi a evocação da ausência”. Revelou ainda que “o modernismo e contemporaneidade reavivaram o conceito de escultura. A escultura vive de volume e, como tal, de espaço e o espaço serve para fazer um corpo viver. A escultura passou a ser o género artístico mais difícil de definir porque a sua amplitude não tem exterior. Há uma dificuldade de colocação da escultura na sua relação com a arquitetura e a paisagem e a escultura surge como «não arquitetura e não paisagem»”.

No que se refere à mensagem da escultura, o conferencista referiu que “pode ter uma mensagem identitária, de coesão social, de chamar a atenção para um facto social e pode, inclusivamente, ter uma ação política trazendo temas para o erário público que toquem a sociedade em alguns aspetos”.

Afonso Pinhão Ferreira considera que “o papel da arte é muito importante porque é através da arte que nos apercebemos que há algo de diferente do rotineiro do dia-a-dia. A arte é também trazer qualquer coisa de estranho, de diferente do habitual e, por isso, pode ter um papel muito importante na sociedade e no pensamento humano”.

Ao longo da sua apresentação, o conferencista deu a conhecer os mais variados artistas, de diferentes nacionalidades e também portugueses, que se destacaram na área da escultura.

Afonso Pinhão Ferreira disse que nos últimos 20 anos a Póvoa de Varzim adquiriu arte com muita qualidade e enumerou algumas peças na nossa cidade e terminou partilhando com os presentes que foi o escultor e amigo José António Nobre quem o incentivou a dedicar-se à escultura. Revelou que a primeira peça que produziu foi a porta da Ortopóvoa, a sua Clínica de Ortodontia e Reabilitação Orofacial, a que se seguiram tantas outras.

Questionado sobre qual a peça que lhe deu mais gosto realizar, prontamente respondeu que foi a última, a propósito do centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner: “mal vai se um artista, quando faz uma peça, não põe todo o seu conhecimento, experimentalismo subjacente e cultura que adquiriu até ao momento naquela nova peça. A última peça tem que ser sempre aquela que gosto mais”.