Maria João Costa e João Paulo Cotrim conduziram o programa, esta tarde de quinta-feira, a partir da sala Geografia das Galerias Euracini 2, tendo como convidados Onésimo Teotónio de Almeida e João Rios, um escritor açoriano e outro de bem perto, de Vila do Conde.

Convidados a falar de um autor ou a sugerir um livro, Onésimo escolheu a obra de Raúl Brandão, que considera um escritor açoriano, não que lá tivesse nascido, mas porque escreveu sobre as ilhas como ninguém.

Onésimo Teotónio de Almeida afirmou que Raúl Brandão descobriu coisas nos Açores que nem os açorianos conheciam, porque vinha de fora com um olhar diferente. Enquanto as pessoas da terra só sentem as coisas quando elas lhe faltam. “O mesmo é dizer aos poveiros que o mar da Póvoa é especial, mas é preciso que o poveiro vá para longe para perceber isso. Numa primeira reação os poveiros dirão: o mar é o mar, igual em todo o lado”…

Também sugeriu a não perder de vista a obra de José Martins Garcia, natural do Pico, um escritor brilhante.

João Rios sugeriu dois livros: “A noite da espera”, do escritor brasileiro Milton Hatoum, e “A noite passada” de Alice Brito.

São obras que trazem à memória o âmbito das ditaduras, da falta de liberdade que elas implicam na vida das pessoas. O autor recorda  que tinha 10 anos quando se deu o 25 de abril em Portugal, mas que, apesar da tenra idade, ficou-lhe gravado em todo o seu ser o momento de leitura das cartas dos seus cinco primos, que estavam na guerra ultramarina, cartas que lia à avó analfabeta, e que tinham direito a resposta, também pela sua mão.

Como professor, referiu João Rios, “tento transmitir aos meus jovens alunos a importância de viver em liberdade e de a exercer sem extremismos”.

Acompanhe o 20º Correntes d’Escritas no portal municipal e no facebook Correntes. Consulte o programa completo do evento e fique a par de todas as novidades.