“Trata-se de uma instituição de solidariedade
social com estas três atividades distintas que, durante cerca de 40 anos,
prestou muitos e valiosos serviços, numa altura em que a Póvoa apenas dispunha
d’A Beneficente e do Hospital da Santa Casa da Misericórdia, e que hoje é
praticamente ignorada”, explicou. “Esta instituição resultou de uma ideia da
Comissão Administrativa do Município poveiro e foram 25 os seus
sócios-fundadores”, continuou.

Segundo
Alberto Eiras, a liderança foi, desde o início, confiada ao primeiro pároco e
abade da recém-criada freguesia eclesiástica de S. José de Ribamar, Padre
Manuel da Costa Gomes, mais tarde nomeado arcipreste de Vila do Conde e da
Póvoa de Varzim. As instalações desta instituição foram emprestadas pela Santa
Casa da Misericórdia, local onde, atualmente, funciona a secção de
fisioterapia. “Nesse pavilhão começou a funcionar a Cozinha Económica,
denominada Dr. Oliveira Salazar, fornecendo refeições a preços acessíveis aos
operários que vinham de longe e a famílias com baixos rendimentos. Estas eram
constituídas por 250 gramas de pão, 1 litro de sopa e uma prato abundante de
peixe, carne ou bacalhau, sendo que o pão custava 30 centavos, a sopa 50 e o
prato 80 centavos”.

Esta
valência de Cozinha Económica foi a primeira a abrir nesta Casa Poveira e,
também, a primeira a encerrar “por se tornar inviável economicamente”.

Quanto à
valência de Lactário, “era costume as 200 leiteiras que traziam à Póvoa o leite
para consumo diário deixarem cerca de 1 dl para análise. Mas, como a quantidade
necessária de leite para análise era mínima, todos os dias restavam cerca de 20
litros, que eram distribuídos pel’A Beneficente (15 litros) e pelo Hospital (5
litros). Daí nasceu a ideia do leite ser utilizado e distribuído pelo
Lactário”, explicou. Farinhas, leite condensado e outros produtos oferecidos,
sobretudo pela Caritas, também eram distribuídos pelas famílias mais
carenciadas.

Finalmente,
sobre a terceira valência, o Patronato, “talvez a mais importante e a que mais
perdurou”, Alberto Eiras contou que “cerca de 40 rapazes de famílias muito
pobres, sobretudo órfãos, frequentaram aquele local, onde aprendiam as oficinas
de tipografia e sapataria”.

No
entanto, a Casa Poveira terminaria com a “insistência do Hospital de que
precisava daquele pavilhão para instalar uma enfermaria para doentes
tuberculosos, doença que atacou muitas pessoas naquela altura. É então que
surge a ideia de mudança para um edifício na Avenida Mousinho de Albuquerque,
mas agora apenas para o funcionamento do Patronato, com a denominação Centro
Social de S. José de Ribamar”.

O convidado sublinhou que como acontece com as
pessoas, também as instituições nascem, crescem, vivem e depois morrem. Foi o
que aconteceu com a Casa Poveira de Acção Social ao fim de 40 anos de
atividade”.