Com um espaço nas Galerias Euracini 2, o projeto “Compostela Literária” foi apresentado, por um dos seus membros, David Cortizo, na Sala Grades. David Cortizo começou por contar a história do nascimento deste projeto, que já existe desde 2015 e que passa por uma associação entre as editoras e as livrarias em Santiago de Compostela. Na altura em que surgiu foi pensado para colmatar as falhas dos políticos locais na cultura, mas tornou-se maior e, mais tarde, com uma parceria da Câmara Municipal de Santiago de Compostela, o “Compostela Literária foi mais longe. Atualmente, fazem todos os anos um encontro denominado “Romaria dos Livros”, que consiste em pequenos eventos, que têm lugar em zonas esquecidas pelo turismo. Neste encontro juntam-se livrarias, editoras, escritores, leitores que celebram, durante uma semana festa do livro, ou seja, há lançamento de livros, pequenas conversas sobre literatura, música, comida e bebida.

A “Romaria do Livro” acontece duas vezes por ano, a primeira pela altura da primavera, normalmente, a 17 de maio e, a segunda, já no verão, no dia 25 de julho.

Este projeto, criou uma outra iniciativa, a SLIC (Semana do Livro em Compostela), que reúne todas as autoridades literárias de Santiago de Compostela, na Mesa do Livro.

Para terminar, David Cortizo explicou que o maior objetivo do “Compostela Literária” tinha sido atingido com a SLIC e com a criação de um calendário com datas importantes da literatura.

Pode visitar o cantinho deste projeto nas Euracini 2.

De seguida, e já na Sala Poesia foram apresentados por Manuel Alberto Valente, diretor da Porto Editora e também escritor os livros Instruções para atravessar o deserto, de Juan Vicente Piqueras e Se me empurras eu vou, de Maria Quintans.

Manuel Alberto Valente começou a apresentação dos livros por mencionar “ é difícil explicar porquê que se gosta, ou não se gosta de poesia” e continuou, começando pelo livro de Juan Vicente Piqueras, que nasceu em 1960 em Los Duques de Requena (Valência). Fez a licenciatura em Filologia Hispânica e saiu do seu país em 1985. Roma foi a sua cidade durante dezanove anos. Viveu também em França, na Grécia, na Argélia, e vive agora em Lisboa, onde é Diretor de Estudos no Instituto Cervantes. A par da sua atividade poética, que tem vindo a ser reconhecida com a atribuição de diversos prémios e com a tradução dos seus livros em vários países, tem sido o tradutor de importantes poetas para a língua castelhana, entre eles Tonino Guerra.

Quanto ao livro Instruções para atravessar o deserto é uma antologia preparada em diálogo com o autor e constitui a primeira tradução da sua poesia para português.

O escritor terminou a lançamento do seu livro agradecendo a todos os que o apoiaram nesta tradução, que representa a sua primeira obra traduza para português.

Manuel Alberto Valente prossegui para o livro de Maria Quintans, um livro magnético, denso e inquietante, Se me Empurrares eu Vou é o livro de estreia de Maria Quintans no catálogo da editora Assírio & Alvim.

Maria Quintans mostrou a alegria que sente, no facto, de o seu livro ter sido publicado e lembrou que as influências surrealistas a seguiram sempre, quando escreveu este livro.

Maria Quintans nasce em 1955 e vive em Lisboa. Poeta, dramaturga, faz parte da criação da Revista Inútil, onde foi diretora editorial. Foi também editora na Hariemuj Editora, Cama de Gato Editora e Edições Guilhotina. Tem publicados os livros de poesia Apoplexia da IdeiaChama-me Constança, O SilêncioA Pata da CabraDécimo Terceiro Andamento & Chama-me Constança. Inicia-se na escrita de dramaturgia em 2015, com o monólogo Décimo Terceiro Andamento. Escreve também em 2016 a peça Este Não Sou Eu, peça infanto-juvenil.

Da Sala Poesia diretamente para a Sala Geografia, tivemos Ana Luísa Amaral a apresentar o livro O Café de Lenine, de Nuno Júdice e Aurelino Costa esteve a apresentar o livro No meio do Nada, de António Mota.

Nuno Júdice nasceu na Mexilhoeira Grande, Algarve, em 1949. Formou-se em Filologia Românica e foi professor associado da Universidade Nova de Lisboa, onde se reformou em 2015. Entre 1997 e 2004 foi Conselheiro Cultural e Diretor do Instituto Camões em Paris. É autor de estudos sobre teoria da literatura e literatura portuguesa. Tem livros traduzidos em várias línguas, destacando-se Espanha, México, Itália e França, onde está publicado na coleção Poésie/ Gallimard. Dirigiu, de 1996 até 1999, a revista Tabacaria da Casa Fernando Pessoa. Em 2009 assumiu a direção da revista Colóquio-Letras da Fundação Calouste Gulbenkian. Recebeu importantes prémios de poesia em Portugal e no estrangeiro, dos quais se destacam, entre outros, o XXII Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana (Espanha), em 2013, o Prémio de Poesia Poetas del Mundo Latino Víctor Sandoval (México), em 2014, o Prémio Argana de Poesia (Marrocos), em 2015, e o Prémio internacional de Poesia Europa in Versi/ Prémio Carreira (Itália) e o Prémio El Ojo Crítico Iberoamericano de Radio Nacional de Espanha, em 2016. O seu mais recente livro O café de Lenine é o café onde tudo é possível: uma solução ecológica para evitar o fim da imprensa em papel, a reabilitação das baratas a partir de um almoço com Arrabal, a descida ao último círculo do Inferno numa mina de cobre do Chile, onde Lúcifer espera por um subsídio de reintegração social, uma noite com Emma Bovary num quarto do Luxemburgo, Rousseau apontado como exemplo numa conversa entre Guerra Junqueiro e Lenine num café de Berna, a procura infrutífera de combates no campo de Waterloo atrás de Fabrice del Dongo, fugido da Cartuxa de Parma de Stendhal. 

Ana Luísa Amaral disse que o livro era o montanha russa de emoções e de histórias.

António Mota nasceu no concelho de Baião, em 1957.Em 1979 publicou o seu primeiro livro, intitulado A Aldeia das Flores, e não mais parou de escrever. É um dos autores mais lidos e premiados da literatura infantojuvenil portuguesa, tendo cerca de noventa títulos publicados, e a sua vasta obra foi, em grande parte, selecionada pelo Plano Nacional de Leitura. Recebeu vários prémios, dos quais se destacam o Prémio da Associação Portuguesa de Escritores (1983), o Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens (1990), o Prémio António Botto (1996) e o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens, categoria «Livro Ilustrado» (2004). Em 2008, foi agraciado pela Presidência da República com a Ordem da Instrução Pública.
Em 2014, foi nomeado para o prémio ALMA por ser «um dos mais prolíficos escritores portugueses para a infância e juventude» e por a sua obra ter «a singular qualidade de ser ao mesmo tempo intemporal e universal». A nomeação repetiu-se na edição de 2015 deste que é um dos mais importantes prémios internacionais na área da literatura infantojuvenil. No Meio do Nada é o seu primeiro livro para adultos, publicado quando se comemoram os 40 anos de uma carreira literária a semear histórias que alimentaram a imaginação de milhares de leitores.

Para celebrar estes 40 anos de carreira o escritor lançou o livro No meio do Nada que como num palco, este livro fala das personagens e do que as desassossega. Monólogos sobre a busca da felicidade, da solidão, a passagem do tempo, os sonhos e as desilusões. Histórias francas que e ousadas, que nos interpelam, onde nos reconhecemos e, por vezes, nos encontramos.

António Mota descreveu o livro nas seguintes palavras “este livro dedico-o à minha Mãe, acho que não há mais nada que posso dizer”.