A sessão contou com a presença de Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Educação, António Leite, Director Regional Adjunto da Direcção Regional de Educação do Norte e Luísa Tavares Moreira, directora do Agrupamento de Escolas de Beiriz na Sessão de Abertura. O Seminário recebeu, também, uma visita surpresa da Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.

O Projecto Fénix, que o Agrupamento de Beiriz implementou no ano lectivo 2008/2009, tem como princípio orientador a escola inclusiva, isto é, uma escola que, de forma a prevenir e combater o insucesso escolar no ensino básico, apoia os alunos com mais dificuldades. Foi para conhecerem os resultados deste primeiro ano de implementação e também para perspectivar o futuro do Projecto que os professores marcaram presença nesta sessão de trabalho.

Para Luís Diamantino “é um orgulho ter uma escola, no nosso concelho, coordenadora deste projecto” que, como referiu, vive, acima de tudo, do “envolvimento de directores e professores”. Para o Vereador, o Projecto Fénix é uma solução positiva, e o seminário local de excelência para a troca de experiências. “Espero que este seminário seja frutífero e que consigam atingir os objectivos a que se propõem com a adesão a este projecto”, desejou.

António Leite focou os vários desafios que hoje em dia são colocados ao sistema educativo, apontando o debate, a erradicação do abandono escolar, o alargamento da escolaridade e a abertura da escola à comunidade como pontos fulcrais que devem ser trabalhados. “Há uma série de medidas que tendem a que estes objectivos sejam conseguidos. Os problemas são muitos e diversificados e por isso as respostas devem também ser diversificadas e adaptadas à realidade de cada escola”. Reconhecendo no Agrupamento de Escolas de Beiriz “a capacidade inventiva que hoje deve ser incentivada nas escolas como forma de dar resposta aos problemas com que se depara”, o Director Regional Adjunto vê no Projecto Fénix o exemplo de como se pode responder ”a partir de dentro da escola aos problemas sentidos pela própria escola”.  

A presença de centenas de professores que lotaram a capacidade do Auditório Municipal foi, para Luísa Tavares Moreira, uma prova de que “os professores estão interessados e empenhados em ter um ensino de qualidade”. Agradecendo a todas as escolas “que se uniram a nós, que fazem parte desta família e que connosco cooperam neste projecto”, a directora deu por encerrada a sessão de abertura afirmando, convictamente, que “o Projecto Fénix pode, de facto, ser um projecto com futuro no nosso país”.

Nos quatro painéis realizados, discutiu-se a dinâmica dos ninhos na disciplina de Português e de Matemática e ainda a perspectiva da disciplina de História, ouviu-se a opinião de alunos e de um encarregado de educação e, no final, fez-se o balanço do primeiro ano do projecto, analisando os pontos fortes e os pontos que se devem aperfeiçoar.

 

O Projecto Fénix

Ministra da Educacao

Este é um modelo organizacional, onde são criadas duas turmas Fénix por cada ano de escolaridade dos 2º e 3º ciclos, nas quais são incluídos os alunos com maiores dificuldades a nível da aprendizagem. De acordo com o seu nível de conhecimento, os alunos são apoiados em grupos de pequena dimensão, Ninho 1 e Ninho 2, nas disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática, consideradas base, e ainda de uma terceira na qual os alunos registam mais dificuldade. Se progredirem na aprendizagem, passam a permanecer na Turma Fénix e, se a melhoria for significativa, podem mesmo transitar para outra turma do mesmo ano de escolaridade.

Este é um projecto que tem em atenção a heterogeneidade dos alunos, respeitando o seu ritmo de aprendizagem, sendo que a rotação de alunos entre ninhos é dinâmica e flexível. Os próprios professores, ao trabalharem com turmas mais pequenas, dispõem também de mais tempo para cada aluno.

Para que se atinjam bons resultados, o Projecto Fénix obriga a que se manipulem as condições educacionais e organizacionais. Assim, a constituição das turmas tem que ser repensada, de forma a organizar grupos mais pequenos. A afectação de recursos humanos (são precisos mais professores), a afectação de salas de aula (para acomodar todas as turmas), a gestão de currículos, a monitorização da evolução do aluno, o trabalho de equipa, a liderança pedagógica forte e até o acompanhamento de factores exógenos à escola que são capazes de influenciar o ambiente escolar, são apenas exemplos dos muitos factores que este projecto manipula.


Os resultados no Agrupamento de Beiriz

No seminário, e antes de se iniciarem os painéis de discussão, houve tempo para uma breve apresentação do Projecto Fénix e dos resultados que obteve no primeiro ano da sua implementação no Agrupamento de Escolas de Beiriz. De facto, foram menos os alunos retidos ou excluídos no ano escolar 2008/2009, sendo que a percentagem de educandos com nível inferior a 3 foi também menor e, consequentemente, a percentagem de alunos só com nível 4 ou 5 aumentou, tendo mesmo duplicado quando comparada com anos anteriores.

Esta investigação avaliativa, apresentada por Marco Martins, Mestrando da Universidade Católica Portuguesa em Ciências da Educação, concluiu também que, no início, tanto professores como encarregados de educação não se mostraram muito motivados com o novo “modelo” de ensino, uma atitude que rapidamente se transformou em aceitação à medida que os alunos foram apresentando resultados cada vez mais positivos.

Para os alunos o ponto crítico foi a mudança de turma no início do ano, mas rapidamente mostraram estar mais motivados e com mais vontade de aprender e a mobilidade inerente ao projecto não lhes criou qualquer tipo de incómodo.