Este livro foi o número um da colecção “Na Linha do Horizonte – Biblioteca Poveira”, uma colecção idealizada por Manuel Lopes, durante largos anos director da Biblioteca Municipal, e a sua reedição foi apresentada no dia em que passavam dois anos sobre a sua morte. Uma noite propícia à apresentação deste livro, pois também o dia 14 foi véspera de Nossa Senhora da Assunção, venerada, com fervor, pelos pescadores poveiros.

A primeira edição de Histórias do Mar da Póvoa foi lançada em 2001 e rapidamente esgotou. Afinal, reúne as histórias de heróis e figuras poveiras, cuja vida se confunde com o mar, sendo, por isso, uma importante obra etnográfica.

E foram as tradições que se honraram na noite do lançamento do livro, que contou com a animação musical proporcionada pelo Grupo Folclórico Poveiro (ou Rancho Poveiro, como também é conhecido), pelo fado que se ouviu da voz de Mário Marques e pelos belos fados dedilhados na Guitarra Portuguesa e na Viola por Carlos Costa e Pedro Pinto, respectivamente. A poesia marcou também presença, com a participação do “Colectivo Silêncio da Gaveta” que, com o violino e a viola, espalharam palavras que falavam de mar, de terra e de amor.

Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, presente na sessão acompanhado de Aires Pereira, Vice-presidente da Câmara Municipal, vê nesta obra um acto de amor pela Póvoa, vinda de uma pessoa, José de Azevedo, que não sendo da Póvoa sempre se afirmou poveiro. “Quando as coisas são feitas com amor e com prazer resumem-se a isto, um êxito total”, afirmou. “Este foi um livro muito procurado pois foi escrito por uma pessoa que sabe contar histórias como ninguém”, continuou, exaltando ainda a qualidade da obra e a importância que esta tem para a história poveira ao pô-la ao mesmo nível que a Epopeia dos Humildes, de António Santos Graça. “Este é um livro épico que nos fala de figuras e heróis da Póvoa, com uma linguagem muito simples, que qualquer pessoa pode entender”, defendeu, dizendo ainda que “depois de ler este livro somos muito mais poveiros”. “Se há projecto que a Câmara deve continuar a apostar é este, porque isto é o que nos fica, são as nossas memórias que iremos transmitir aos nossos filhos e nossos netos”, finalizou, terminando a sua intervenção lançado gritos de “Ala Ala” seguido de um coro de vozes que respondeu convictamente “Arriba”, expressão típica dos pescadores poveiros ao puxar os barcos.

“É uma noite de muita alegria”, começou por dizer José de Azevedo, para quem a 1º edição esgotada é prova do que as pessoas receberam muito bem Histórias do Mar da Póvoa. Um sucesso que promete se repetir com esta 2ª edição revista e aumentada, pois agora a obra passa a contar com a história de outra figura poveira, Manuel Vianês, “por lapso esquecida na primeira”. O autor define esta sua obra como um ensaio etnográfico, escrito com um estilo jornalístico e que tem “o mar como figura principal e os pescadores como protagonistas esquecidos”. E José de Azevedo foi levantando o véu sobre algumas das histórias como a do Ti Manel Carvalheira “a alavanca de muitas histórias”, do Ressuscitado, do Martinho, do Zé das Gatas, do Manel da Susana, contando um pouco sobre todas mas nunca dizendo tudo “se não vocês não compram o livro”, gracejou. “Este é um livro feito de gerações que ajudaram a construir a moderna Póvoa desta geração e espero que tenham o mesmo prazer a lê-lo que eu tive a escrevê-lo” terminou.