A comemoração do 39º aniversário da elevação da Póvoa de Varzim incluiu a inauguração do Auditório Musical e a sessão solene, nos Paços do Concelho, onde foram distinguidos o Presidente da República e a associação Leões da Lapa Futebol Clube, com a Medalha de Ouro de Reconhecimento Poveiro, e a Horpozim – Associação de Horticultores da Póvoa de Varzim, com a Medalha de Prata de Reconhecimento Poveiro.

“A Póvoa de Varzim é um pólo de desenvolvimento central da zona Norte de Portugal. Ao longo dos últimos vinte anos a cidade embelezou-se e renovou-se com benefício para a população. Vias de comunicação fáceis e acessíveis foram construídas, o turismo floresceu e o concelho afirmou-se como uma importante estância balnear, tirando partido dos quilómetros de praias de areias douradas”, referiu o Presidente da República. “A Póvoa de Varzim dotou-se de equipamentos culturais de qualidade, que ainda hoje tivemos oportunidade de inaugurar, o Auditório Musical, onde ficará instalada a Banda de Música da Póvoa de Varzim. A acrescentar a tudo isto, a cidade afirmou-se como uma cidade de lazer e de cultura, competitiva, que a torna diferente de todas as outras. Mas, por tudo isto, hoje não deve ser apenas mais um aniversário. Deve ser também o reconhecimento de que o concelho soube tirar partido das suas potencialidades”, continuou.

Aníbal Cavaco Silva lembrou que a Horpozim “traz-nos à memória a capacidade de produção agrícola e leiteira da Póvoa de Varzim. Eu confio muito no contributo da agricultura, da pecuária e da floresta na recuperação da nossa economia”.

Mas, para o Presidente da República, “a Póvoa de Varzim é também reconhecida pelo espírito de solidariedade, típico das cidades ligadas ao mar, pela força e pela coragem que advém acima de tudo dos homens do mar. Este espírito está hoje espalhado por todo o país, resultado do aumento do número de famílias em situação de pobreza, e é fundamental na preservação da coesão nacional que Portugal não pode prescindir neste tempo de dificuldades. Mas a coesão nacional impõe outros elementos, como a condução de uma política de criação de emprego, em particular para os nossos jovens, bem como a equidade na distribuição dos sacrifícios, garantindo que àqueles que dispõe do mesmo rendimento e estão na mesma situação pessoal deve ser exigido o mesmo sacrifício. Mas fundamental também é o diálogo, o compromisso, o trabalho em conjunto das diferentes forças político-partidárias, tal como a concertação que se deve desenvolver entre os parceiros sociais. Eu só posso congratular este respeito, o esforço que as principais forças políticas têm feito para preservar o consenso político na defesa dos interesses de Portugal nas instâncias internacionais e na aplicação do programa de ajustamento que negociámos”. Segundo Aníbal Cavaco Silva “o conflito pelo conflito, ou a retórica destrutiva, não resolve os problemas do país. O que precisamos nesta fase difícil – e vivemos uma fase difícil, não tenhamos dúvidas – é que todos se empenhem por um trabalho de mais qualidade, por mais empreendedorismo, para que os produtos nacionais penetrem nos mercados externos”.

Quanto às autarquias, e ao seu contributo para a recuperação económica, o Presidente da República sublinhou a sua importância para “mobilizar o empreendedorismo, a inovação, para estimular as pequenas e médias empresas, no aproveitamento dos produtos locais, para captar investimento para o próprio concelho”.

“Neste Dia da Cidade, vem-nos à memória o grito da Póvoa de Varzim, Ala-Arriba. Este grito deve mobilizar e estimular todos os portugueses nesta fase da vida do país. O que precisamos é que todos juntos puxemos com força para cima. Ala-Arriba Portugal.”

 José Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, lembrou que “escasso ano e meio – este foi o tempo em que tive o prazer de, como Presidente de Câmara, me relacionar com o seu governo, o bastante para ainda conseguir duas conquistas que considero essenciais para a concretização do modelo de cidade que então estávamos a idealizar e a construir: uma de natureza social, aliás muito na linha de uma orientação política claramente dominante, que permitiu a atribuição de habitação condigna a quatro centenas de famílias poveiras economicamente carenciadas e, com isso, erradicar as situações abarracadas e bairros degradados; e outra de natureza urbanística, mas com relevante incidência no domínio simbólico da identidade comunitária, que consistiu na cedência à cidade do vasto espaço então gerido pelos Ministérios do Ambiente e do Mar, que envolvia e ocultava a melhor perspetiva da nossa enseada. A eliminação daquele imenso estaleiro portuário – que deu lugar a circuitos pedonais e pistas para bicicletas – a reconversão desse espaço concluiu o processo de reconciliação da cidade com o mar, culminando vasta e pioneira requalificação da frente marginal da cidade, até então considerada inacessível à fruição dos cidadãos. Mas outros motivos nos levam, hoje, a testemunhar-lhe o nosso reconhecimento: a reabilitação da EN 205 entre a cidade e Laúndos, danificada na sequência da instalação das infraestruturas de apoio ao Parque Industrial, então em construção; a construção da então chamada “variante”, um troço do IC 1, actual A-28, entre Aver-o-Mar e Mindelo, ladeando pelo nascente as cidades da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, cujo atravessamento era então um tormento para residentes e viajantes, antecipando a obra visionária de modernização estrutural do nosso país”.

O edil aclarou que a distinção da cidadania é a grande referência do Dia da Cidade. “Mais que as obras que às vezes inauguramos – anos houve de alguma facilidade, não será obviamente o caso deste, como não será dos próximos – importa-nos salientar os contributos dos cidadãos e das entidades que, no dia-a-dia, e tantas vezes de forma humilde, contribuem para o desenvolvimento da comunidade e para o bem-estar da população. A distinção destes contributos – que temos vindo a fazer desde há 19 anos, tantos quantos conto na presidência da câmara – revelou-se acertado exercício de pedagogia cívica, de boas práticas cidadãs, porque estimula, particularmente junto dos jovens, o desafio da participação e do contributo à causa pública”.

Sobre os homenageados, José Macedo Vieira explicou que “à Horpozim devemos a necessária atualização da velha e boa tradição poveira de produzir legumes de qualidade, graças à modernização das técnicas de produção e de comercialização, que foi decisiva para que o sector hortícola se adaptasse às exigências dum mercado que passou a regular-se por mecanismos de crescente competitividade. A qualidade tem custo, mas não tem preço, sobretudo na área tão sensível da fileira alimentar; a qualidade – que, acompanhando a produção em quantidade, gera as mais-valias que sustentam a competitividade de uma fileira onde nem todos os interesses são equilibradamente salvaguardados, nomeadamente os preços praticados ao produtor. Quanto ao Leões da Lapa Futebol Clube, que acaba de completar 50 anos dedicados à causa da animação cultural, social e desportiva do bairro sul da Póvoa de Varzim, foi, talvez, o instrumento mais decisivo para a não descaracterização do bairro – refiro-me não só ao plano cultural, mas também e sobretudo ao aspeto urbanístico. A existência, desde há 50 anos, de um primeiro espaço de convívio, onde os velhos lobos do mar se entretinham com os seus jogos de salão e a evocação das heroicidades e das tragédias da faina piscatória, a revivência de jogos tradicionais, a organização dos cortejos festivos do bairro para as festas municipais a S. Pedro, e particularmente o Rancho Tricanas da Lapa – tudo isto é fortíssimo fator de coesão do bairro, cuja cultura se transmite de vizinho a vizinho e de geração em geração.

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