Olívia Carvalho, de dezoito anos, começou no Karaté quando tinha nove anos, sem desconfiar do talento que logo iria demonstrar. Com metade da sua vida dedicada ao Karaté, Olívia conquistou cinco vezes o título de campeã nacional, tornou-se por duas vezes vice-campeã da Europa e agora, da Áustria, regressou com três medalhas, duas de ouro e uma de bronze, tornando-se na melhor do continente em Karaté Kumite, uma vertente da modalidade que consiste na coreografia de posições. Olívia é estudante de Medicina Veterinária, no Porto, mas espera que por pouco tempo, já que o seu verdadeiro objectivo é tornar-se médica. Enquanto este sonho não se torna realidade, a atleta vai continuar a dedicar-se ao Karaté, treinando diariamente entre 1h30 e 2h00. Vitalie Certan tem dezassete anos e está em Portugal desde os onze. O atleta explica que no seu país natal, Moldávia, a prática desportiva está muito enraizada na população. Por isso, seguindo o incentivo do pai, também ele ligado ao desporto, Vitalie começou a praticar Karaté com nove anos. Quando chegou à Póvoa de Varzim continuou a praticar, revelando grande talento. Do Campeonato Europeu, onde se estreou nas competições internacionais, regressou com uma medalha de bronze, na categoria Karaté Kata, luta corpo a corpo. No futuro, Vitalie pretende estar ligado à segurança pública, mas ainda não escolheu o ramo adequado. Brincando, ou talvez não, o atleta afirma que fará parte do Grupo de Operações Especiais (GOE), unidade antiterrorista da Polícia de Segurança Pública de Portugal.   Ambos representantes da União Poveira de Karaté, Olívia e Vitalie estão de acordo quanto à influência da prática do Karaté nas suas personalidades. Calma, concentração, disciplina e compreensão são atributos comuns aos dois jovens atletas. “Não nos irritamos com facilidade”, afirmam. Para os seus treinadores, ambos ex-atletas, ver um dos seus alunos singrar desta forma é motivo de orgulho e o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. Fernando Miranda, mestre de Olívia Carvalho há nove anos, foi atleta durante seis. O professor explica que “fico mais nervoso agora, pelos meus alunos, do que quando era eu a entrar em competições”. Sempre que Olívia participa em provas internacionais e Fernando Miranda não a pode acompanhar, o mestre espera ansioso pelos telefonemas da atleta, “sempre com um friozinho na barriga”. Vítor Poças, atleta de karaté durante quinze anos e mestre de Vitalie, acrescenta que “vê-los crescer no Karaté e na vida é muito gratificante”.