No 38º aniversário da Póvoa de Varzim, a Câmara Municipal distinguiu com a Medalha de Reconhecimento Poveiro, de grau prata, António Lopes da Conceição e a LEICAR – Associação dos Produtores de Leite e Carne e com a Medalha de Reconhecimento Poveiro, de grau ouro, o Rancho Poveiro.

José Macedo Vieira lembrou que “há 18 anos que o Dia da Cidade é momento e pretexto para nos reunirmos, questionando a cidade que somos, pensando a cidade que desejamos, sempre reflectindo globalmente para agir localmente. Sempre tivemos a preocupação de imaginar o futuro para poder nele influir”. A este propósito, o Presidente do Município está convicto de que “a Póvoa de Varzim sabe para onde vai. E sabe que esse é o rumo certo, porque dá continuidade às linhas de força de uma tradição que, alicerçada na identidade local, se impôs como vocação natural da comunidade”. Para o edil, é motivo de orgulho o “contributo que, ao longo deste 18 anos, pudemos dar para a distinção e o estímulo da cidadania, como do processo que, aliando esta à gestão da cidade, garante a sustentabilidade do município”.

O autarca evocou que “a celebração da cidade é, também, entre nós, uma
homenagem à cidadania dos Poveiros e das suas organizações, traduzida em inúmeras colaborações cuja relevância na vida da comunidade é sinal de esperança e de confiança no futuro”.

Sobre António da Conceição, o Presidente referiu que “está há mais de 6
décadas ligado à nossa Banda Musical, de que é símbolo vivo e a cuja Direcção preside há mais de 30 anos e há quase 40 é responsável no Clube Naval Povoense”, citando ainda a sua ligação ao Varzim, à Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, à Associação Pró-Música e o mandato em que foi membro da Assembleia Municipal, ou da Assembleia de Freguesia da Póvoa de Varzim. “É exemplo vivo, e activo, de cidadania a tempo inteiro. Nada do que à Póvoa interessa ou respeita lhe é indiferente, num dinamismo que, para felicidade dele e nossa, nem a idade condiciona ou impede”, constatou.

António da Conceição manifestou o seu agradecimento e felicidade pela
distinção revelando que “quase a atingir nove décadas de vida, continuo com a mesma coragem e a mesma vontade e espera inaugurar a sede da Banda Musical que se encontra em execução”. O amigo Meira Fernandes falou das várias facetas da vida do homenageado desde a sua família e amigos à sua “intensa participação cívica na nossa sociedade” definindo-o como “um homem frontal e sério, emotivo, sonhador, pessoa interventiva e bom empreendedor ao serviço da causa pública”.

Quanto à LEICAR, José Macedo Vieira afirmou que “é uma Associação de
Produtores de Leite e Carne nascida entre nós há 25 anos, com o propósito
inicial de se circunscrever à Póvoa de Varzim, mas que entretanto se abriu aos concelhos limítrofes, posteriormente ao Entre Douro e Minho e, nalgumas circunstâncias, a todo o país. Este é um exemplo, da sociedade civil e do movimento associativo, que demonstra que é possível ir mais além, não limitando a cidadania ao protesto na rua – bem pelo contrário, esta é a prova de que há, na sociedade, capacidades que esta pode, se inteligentemente apoiada pela administração, colocar ao serviço do interesse público, com vantagem para a economia do sector e para o bem comum. A LEICAR é uma referência na região e no país”, concluiu.

José Campos de Oliveira, Presidente da LEICAR, referiu-se à actual situação agrícola do país assinalando que é muito difícil voltar aos índices de produtividade que Portugal já teve. No entanto, “com empenhamento e organizações com visão de futuro agrícola bem sustentado poderemos aumentar substancialmente o grau de subsistência em produtos alimentares”, advertiu, acrescentando que, no seu trajecto de 25 anos, a LEICAR sempre apostou nessa vertente. Joaquim Santos Costa, um dos fundadores e sócio honorário da LEICAR, falou dos princípios da associação e do seu percurso de 25 anos.

Em relação ao Rancho Poveiro, o Presidente da autarquia poveira lembrou
que “este ano completa 75 anos de actividade em defesa e divulgação da música e das tradições da nossa colmeia piscatória, cumprindo o sonho de Santos Graça, a que outros, na sociedade e na autarquia, deram o contributo que lhe permitiu firmar-se e crescer como uma referência da etnografia portuguesa e como embaixador da Póvoa de Varzim”, acrescentando que “a cidade e particularmente a classe piscatória se revêem na vossa actividade e têm orgulho no vosso percurso”.

José Macedo Vieira assinalou que “nestes 75 anos passaram pela vida do Rancho alguns milhares de Poveiros. A eles deve o Rancho a sua longevidade, a sua meritória actividade cultural, o seu prestígio. Eu, que algumas vezes, o acompanhei junto das comunidades poveiras, pude ver quanto os componentes sentem e amam o Rancho, a que muitos têm duradouras ligações. Seja-me permitido destacar, no que às últimas décadas diz respeito, os casos muito especiais de Armando Marques e do actual responsável, Jacinto Sá. Quero, na pessoa destes dois responsáveis, homenagear todos quantos, desde o fundador Santos Graça, contribuíram para que o Rancho Poveiro fosse símbolo e estandarte vivo da cultura popular marítima da Póvoa de Varzim e, justamente, como representante do município”, concluiu.

Jacinto Sá, que há 37 anos assume o comando do Rancho Poveiro, referiu que “com o reconhecimento da Câmara Municipal, a nossa responsabilidade é maior”, comprometendo-se a continuar a levar o nome da Póvoa a todo o país e estrangeiro. “Encaramos o futuro ainda com mais amor à nossa Póvoa”, concluiu.

Armando Marques, que também acompanhou o Rancho Poveiro durante muitos anos, falou da história do grupo desde a sua fundação por António dos Santos Graça, da escolha do traje, da intensa actividade dentro e fora do país e da dedicação sem limites dos seus componentes. “Todos quantos passaram por estas fileiras, guardem uma parcela desta homenagem que se destina a todos”, constatou, acrescentando que “a Póvoa de Varzim pode continuar a orgulhar-se do Rancho Poveiro, agora com maior responsabilidade por ter no seu estandarte a Medalha de Reconhecimento Poveiro, grau ouro”.

Antes de terminar a sessão, José Macedo Vieira quis deixar uma palavra sobre “o desafio que nos espera” recorrendo a um livro que trata dos portugueses e da história de Portugal. E do capítulo “Lutas com touros”, que retrata aquilo que somos referindo uma façanha tipicamente portuguesa, leu algumas passagens, terminando com uma mensagem positiva “qualquer país que luta com touros para se divertir nunca poderá desaparecer”.