Artistas oriundos de Portugal, Espanha, Itália, Hungria e Bulgária apresentaram os seus trabalhos que têm a música de raiz como base criativa.

O certame arrancou com a atuação de Laura Rui, Catarina Valadas e Sónia Sobral e as suas “Canções Difíceis Fáceis de Saber”. As artistas apresentaram-se com acordeão, flauta e ukulele, num registo musical entre o erudito e o circense, sem dispensar a componente teatral e cénica. O trio explorou o lado lúdico das palavras e abordou a escrita criativa numa perspetiva didática, despertando a atenção para a riqueza da língua portuguesa.

A tarde continuou com o projeto de música instrumental “Palankalama”. Quatro músicos do Porto percorreram a memória da música do mundo, desde o jazz, música klezmer, música popular portuguesa, ao folk, rock, entre outros. Recorrendo à energia do rock, a narrativa é traçada pelos quatro elementos da banda, numa busca de lugares de “ficção “.

A noite chegou e, com ela, Uxía, uma das maiores embaixadoras da música e poesia galegas. Com mais de 30 anos de carreira, a artista renovou a música tradicional galega, combinando alalás (a forma de música tradicional galega mais antiga e característica) com moma, fado e ritmos brasileiros.

A cantora galega Uxía Senlle tornou-se, ela mesma, uma placa giratória viva de culturas e sonoridades. Este seu novo disco, gravado em Sintra, com arranjos e direção musical de Paulo Borges, é disso o mais eloquente espelho. O canto de Uxía, aqui com incursões nos territórios do tango, da morna ou do fado, aligeirou a sua antiga força telúrica e adocicou-se neste “mainstream” de mundos, mas não perdeu as colorações que fazem dela uma das maiores cantoras galegas da atualidade.

Seguiu-se-lhe outra mulher de voz imponente, Maria Mazzotta. A artista move-se naturalmente entre os sons típicos do Sul do país e as influências da música dos Balcãs.

Após a atuação da artista italiana viajámos até à Hungria e à Bulgária com Meszecsinka (Small moon, assim é a tradução do nome). Cantaram em sete línguas (húngaro, russo, búlgaro, finlandês, inglês, árabe e castelhano) e transportaram os ouvintes para um espaço místico, onde o folk húngaro e búlgaro andam de mãos dadas com o flamenco e funky, o oriental e o experimental.

A despedida foi feita em português “adocicado” com Samba sem Fronteiras, uma roda de samba nascida entre um grupo de amigos brasileiros, residentes em Portugal, que procuravam manter viva a música que nasceu para celebrar a vida e reinventar a alegria.