A sessão contou com a participação do Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, que elogiou a capacidade de adaptação e de resiliência da CEACV no contínuo processo de transformação do mundo agrícola português ao longo das três últimas décadas. Segundo o edil, Portugal “abandonou o campo e a atividade agrícola, agravando, enquanto país, a perigosa e crónica dependência externa em termos de capacidade alimentar e só percebeu a importância estratégica da agricultura quando os destinos económicos e políticos do setor chegaram às mãos da geração tecnicamente mais bem preparada – mérito vosso, das vossas escolas, e das outras instituições formadoras, públicas e privadas”. A capacidade de resistência é, para o autarca, o grande mérito da CEACV.

Sobre a temática escolhida para o Ciclo de Tertúlias, “Agricultores: guardiões do ambiente”, Aires Pereira afirmou que “até nisto a Casa-Escola demonstra estar em dia com o pensamento (técnico e político) mais avançado”. De facto, “a União Europeia, apostada em trazer a natureza de volta às nossas vidas, atribui à Ecologia a importância central do plano de recuperação económica pós-Covid 19. O Pacto Ecológico Europeu, a concretizar até 2030, é algo tão extraordinário à escala da grande política internacional, que só podia ser concebido em contexto de grande sensibilidade política e técnica”.

O Presidente da Câmara considera que “as lideranças femininas nos pontos-chave da administração da União Europeia (a Comissão e o Banco Central), apoiadas de forma decisiva pela chanceler alemã”, foram fundamentais para “nos conduzir às mudanças que urge implementar”. E sublinhou: “o Pacto Ecológico Europeu pretende que todos assumamos a consciência de que chegou a hora de fazermos as pazes com a natureza. Todos temos que empenhar-nos na proteção da terra e do mar, na recuperação dos ecossistemas que tanto temos maltratado”.

Além disso, a proteção e utilização sustentável da natureza trarão, segundo o edil, benefícios económicos para as comunidades locais, criarão emprego e desenvolvimento.

Quanto ao papel dos agricultores nesta missiva, “a adoção de novas práticas será fortemente apoiada pelo orçamento comunitário e os profissionais transformarão a sustentabilidade na grande marca identitária da agricultura europeia”. A título exemplificativo, a redução em 50% da utilização de pesticidas e em 20% a utilização de fertilizantes, bem como uma taxa de 25% das terras agrícolas em produção biológica.

A estratégia “do Prado ao Prato”, que está a ser apresentada pela União Europeia, pretende assegurar que dispomos de alimentos saudáveis, acessíveis e sustentáveis; proteger o ambiente e a biodiversidade, combater as alterações climáticas (atingindo quanto antes a neutralidade carbónica); introduzir um rendimento económico justo na cadeia alimentar; e expandir a agricultura biológica, explicou Aires Pereira.

“Estou certo de que, a partir desta Escola os agricultores desta região assumirão progressivamente estes objetivos”.