Coube a Raquel Patriarca a apresentação do livro de poesia A Tartaruga de Bob Wilson, de Pedro Teixeira Neves.

A escritora referiu que os 78 poemas do livro “evocam, lembram e homenageiam uma quantidade enorme de personalidades reais e fictícias de todos os domínios da criação que viajaram comigo pelos mais díspares pontos da geografia”.

E sobre as personagens que abundam no livro, Raquel Patriarca citou poetas, cineastas, músicos, coreógrafos e muitos filósofos. Música, Literatura, Teatro, Ciência, Cinema, Filosofia, Política e Matemática também estão nos poemas do Pedro que “trazem o mundo lá dentro”.

Pedro Teixeira Neves apenas disse: “as palavras que escrevo, sou-as. Se me quiserem conhecer, leiam-me”.

Seguiu-se a apresentação de outro livro de poesia As Gargalhadas de Mestre Juju, de Goretti Pina e foi Lopito Feijóo quem apresentou a escritora e a sua obra constatando que neste livro, a nova autora africana de São Tomé “apresenta-se relativamente outra em relação às primeiras publicações e, principalmente, à de poesia: muito mais afinada e refinada, evidenciando o seu persistente trabalho aficionado em torno da palavra poética. Não é mais aquela principiante poetisa dos títulos anteriores. Apresenta-nos um livro estruturado e ética e esteticamente delineado e, em consequência, muito mais conseguido”.

O escritor transmitiu que Goretti Pina “vai ao fundo das motivações populares, tratando e retratando acontecimentos e situações próprias de um contexto histórico e informal, obrigando os seus leitores a refletir sobre a realidade social que a viu nascer e crescer”.

Goretti Pina confessou que a escrita era para si uma paixão, desde sempre, acrescentando que “estou neste caminho com muita alegria e abertura para aprender”.

Lídia Jorge falou da Lenga-Lenga de Lena a Hiena, de Ana Luísa Amaral, o seu quarto livro de literatura infantil, e constatou que “nem todos os poetas conseguem escrever para crianças. No entanto, a Ana Luísa é uma grande poeta e consegue escrever para crianças, o que é muito difícil e ela consegue muito bem”, acrescentando que “quando se fala de grandes poetas atuais a Ana Luísa está no topo”.

Sobre a obra, referiu que a Ana Luísa Amaral “encontrou uma forma de dar às crianças a conhecer a história de um animal sobre o qual impende uma mitologia muito forte. Transforma esta imagem depressiva numa imagem altamente positiva para as crianças”.

Para Lídia Jorge, a história de Ana Luísa Amaral “está contada para plena fase mágica. A dimensão real das crianças não interessa, interessa a sua alma eterna. A Ana Luísa sabe falar ao coração das crianças”.

E para delícia dos presentes, Ana Luísa Amaral leu um pouco da sua história.

E da sala Poesia passamos para a sala Geografia com o lançamento de mais duas obras: A Litania da Cinza, de José Alberto Postiga, e Punição, de Miguel Marques.

A Litania da Cinza é o terceiro livro de José Alberto Postiga que o autor revelou que surgiu de uma necessidade enorme de criar um lugar zero e fugir à sua obra anterior de carater muito biográfico.

A Punição, de Miguel Marques aborda a história clássica de Antígona recontada nos dias de hoje a revelar a eternidade da tragédia. (Segundo de uma trilogia de romances que recriam, nos dias de hoje, os dramas clássicos: depois de em Cada Vez Mais Forte o Sino, um recontar do Rei Édipo, agora é a vez de Antígona.)

Segundo volume da trilogia do Édipo seguindo, agora, Antígona de Sófocles, após Cada vez mais forte o sino (o do Rei Édipo).

Estamos na Tebas das sete portas, numeradas as sete partes desta Punição, pois é disso que se trata, não havendo lugar para vencedor e vencido quando todos perdem, por ser assim o trágico. Portas encontradas na Ode ao Homem cantada pelo coro; também aqui o alcance da filosofia (a primeira porta), da música (a terceira porta), da física quântica (a quinta), da poesia (sexta), mas também o hedonismo (a segunda porta), a contaminação pelo canibalismo (quarta porta), e a sociedade distópica (sétima e derradeira porta).

É sobejamente conhecida a história de tão comentada e explorada, talvez mais do que qualquer outra. Mas o que fica da famosa fábula neste livro quando o importante não é Antígona ou Creonte, nem os irmãos Polinices e Etéocles? Tudo sendo apenas meios para cumprir o desenrolar da inevitabilidade, na Tebas entre Vila velha de Tão Pouco e a cidade do Porto, repetindo personagens ou versões de uma mesma coisa.

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