É esta a ansiedade própria de quem reconhece no Encontro de Escritores de Expressão Ibérica um espaço único onde cada momento do programa é promessa de casa cheia, seja uma mesa de debate às 10h30 da manhã de um dia da semana, seja uma festa de encerramento, num sábado à tarde, quando lá fora as rajadas de vento e a chuva ameaçam a integridade física dos aventureiros que chegam para um último aplauso ao evento.

64 escritores, mesas de debate no Auditório e em escolas do concelho, lançamentos de livros, sessões de poesia, entregas de prémios, teatro, cinema, novos projectos, uma Feira do Livro, foram os ingredientes do sucesso da 11ª edição do Correntes d’Escritas, que decorreu entre 24 e 27 de Fevereiro. Se a estas juntarmos os editores, os críticos literários, os jornalistas, tivemos, então, uma iguaria literária que o público apreciou e repetiu, uma e outra vez.

Talvez o segredo seja o ambiente informal, as intervenções de escritores que não se cansam de contar histórias com muitas gargalhadas pelo meio. Talvez seja mesmo porque os escritores, esses que conhecemos apenas através das histórias que contam nos seus livros, estejam ali, ao nosso lado, acessíveis para uma conversa ou um autógrafo. Certo é que a Feira do Livro, na Casa da Juventude, mesmo ao lado do Auditório, foi como um enorme parque de diversões, onde escritores e público partilharam da alegria de procurar um novo tesouro, o livro. E às centenas e centenas de livros ali prontos a levar para casa, juntara-se os mais de 20 cuja apresentação o Correntes d’Escritas acolheu, em sessões na Casa da Juventude e no hotel Axis Vermar.

Terminada a 11ª edição chega-se, uma vez mais, à conclusão que o Correntes d’Escritas é mágico. A adesão do público é surpreendente. Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, referiu, por exemplo, que nesta edição encontravam-se pessoas vindas propositadamente do Brasil. Outras, vindas um pouco de todo o Portugal, “tiraram férias de propósito” para assistir ao Encontro. Para este sucesso, que se repete de ano para o ano, não é alheio o facto de a organização apostar num programa que traga sempre algo de novo. É que se as mesas de debate, “divãs onde as pessoas libertam as suas emoções” como disse Leonor Xavier, são o prato principal do programa, os lançamentos de livros e as sessões de poesias os deliciosos petiscos, existem sempre novos sabores para descobrir, novas actividades. Este ano, as novidades passaram por uma noite dedicada a novos projectos do âmbito da Literatura, a uma apresentação diferente, com direito a festa num dos bares da cidade, do livro O Terceiro Reich, de Roberto Bolãno e a uma cerimónia de entrega dos Prémios de Edição LER/Booktailors.

Destaque ainda para os vencedores dos três concursos literários organizados no âmbito do Correntes d’Escritas – o Prémio Literário Casino da Póvoa, atribuído a Maria Velho da Costa, o Prémio Literário Correntes d’Escritas/Papelaria Locus, atribuído a Miguel Rocha de Pinho, e o Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d’Escritas/Porto Editora, cujo 1º Prémio foi atribuído aos alunos do 4º ano do Jardim-Escola João de Deus, de Agra, Estarreja. Os vencedores foram anunciados na Sessão Oficial de Abertura, durante a qual foi também apresentada a Revista Correntes d’Escritas 9, cujo dossiê é dedicado a Agustina Bessa-Luís. Neste mesmo dia, o dia 1 da 11ª edição do Correntes d’Escritas, a Ministra da Educação, Isabel Alçada, proferiu a Conferência de Abertura com o tema “Leitura, Escrita e Educação”.

E na sessão de Encerramento, pouco antes da entrega de prémios, Rosa Lobato de Faria foi recordada “porque a gente da cultura não se esquece”, como disse Manuel Valente, da Porto Editora.

Hoje o Correntes d’Escritas está em Lisboa, para uma 10ª mesa de debate. É no Instituto Cervantes, às 18h30. E depois sim, despede-se com um “até Fevereiro!” E enquanto esse mês não chega, recorde o Correntes d’Escritas 2010 com imagens e textos no portal municipal.

O Correntes d’Escritas é organizado pela Câmara Municipal, com o apoio do Turismo de Portugal. É patrocinado pelo Casino da Póvoa, pela Norprint, pela BMCar, pelo Axis Vermar e pelo ateliê Henrique Cayatte Design. Conta ainda com o apoio da Porto Editora, da Papelaria Locus, do Instituto Cervantes, da Embaixada do Uruguai e do México, e teve como parceiros o Booktailors – Consultores Editorais, a revista LER, o Jornal de Letras, a Universidade do Porto, o Cineclube Octopus e o Varazim Teatro.