Pedro Teixeira Neves foi o primeiro a tomar a palavra e aludiu à ligação dos temas mais importantes um pouco por todo o Correntes d’Escritas: “esta sala recebeu, durante a tarde, Rosa Montero, que abordou os tempos de ódio que se vivem atualmente. E este livro versa igualmente sobre pessoas vítimas desse ódio, os refugiados, esquecidos da sociedade, que fogem para a Europa e o que cá encontram é um farol cego”.

O escritor explicou que A parte que nos toca tem origem no Livro de Job, revisitando-o e questionando-o “num longo poema em três momentos”, pois como Job perante Deus, a função da escrita é de apontar, questionar, lembrar, resignar e gritar. Depois desta breve apresentação, Isaque Ferreira declamou alguns poemas da obra, para satisfação dos presentes, que enchiam a sala.

O microfone seguiu para as mãos de Michael Kegler, convidado pelo poeta poveiro José Alberto Postiga a apresentar Fevereiros Doutrinários, um livro “que mistura ternura com amargura, saudade e a obrigatoriedade da partida. O escritor alemão descreveu o autor como “emigrante que nunca saiu verdadeiramente do seu país, uma pessoa que saiu pescador e voltou poeta”.

“A jogar em casa”, José Alberto Postiga, mostrou-se emocionado com a receção entusiasta que recebeu no Correntes d’Escritas, esperando que “gostem tanto do meu livro quanto me salvou escrevê-lo”.

A concluir as apresentações na Sala Sarilho, Ricardo Dias Felner explicou as suas motivações para escrever O homem que comia de tudo, que “mistura o lead e as histórias circulares do jornalismo com elementos literários”.

Esta “arrogância de escrever sobre comida com o olhar voltado para tudo o que a rodeia” é algo que sempre fascinou o escritor nas obras do poveiro Eça de Queiroz, referência da literatura nacional e internacional, “que usava, de forma brilhante, momentos gastronómicos como forma de dar contexto aos seus textos”.

De local em local, a poesia passeava livremente pelas Galerias Euracini2. Na Sala Pena, Renato Filipe Cardoso apresentou o seu novo livro, na “companhia privilegiada” de Afonso Cruz, “um escritor que muito admiro”, e Isaque Ferreira, “um dos maiores entendidos nacionais em poesia”.

Afonso Cruz fez as honras da casa e, apesar de reconhecer ser “complicado explicar a poesia, uma linguagem que fala por si”, arriscou descrever Ministério da Solidão, uma “obra brilhante, que fala com intensidade do sentimento de perda, através de monólogos interiores com quem já partiu”.

De seguida, a voz de Isaque Ferreira deu visibilidade à “capacidade de Renato Filipe Cardoso  dizer coisas longas com muito poucas palavras”, declamando alguns dos seus poemas de eleição na obra recém-publicada.

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