O Presidente do Município da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, presidiu ao lançamento do Dicionário de Eça de Queiroz (3ª edição) de A. Campos Matos, que teve lugar na Fortaleza Nossa Senhora da Conceição, ao final da tarde desta terça-feira (23), em jeito de pré-apresentação do 17º Correntes d’Escritas.
A sessão oficial de abertura do Encontro de Escritores realiza-se hoje, às 11h00, mas já na presença do Arqtº A. Campos Matos e ainda de Isabel Pires de Lima, que apresentou a obra, e Duarte Azinheira, representante da Imprensa Nacional – Casa da Moeda (IN – CM), a editora do livro, o autarca poveiro foi o anfitrião de escritores e participantes do Correntes d’Escritas, aproveitando para abrir as portas a um novo espaço no município. “Tal como foi prometido no ano passado, as Correntes vieram à Fortaleza e este é o primeiro evento que realizamos desde a inauguração deste imóvel. Estamos ainda em fase de instalação de alguns equipamentos, embora as portas estejam abertas diariamente para quem quer, daqui, observar a excelente vista que temos para o mar”, afirmou Aires Pereira.
Aproveitou ainda a oportunidade para agradecer ao Arquiteto Campos Matos por ter dado a oportunidade de, na última reunião de Câmara, “podermos decidir pela aquisição de grande parte do espólio de Eça de Queiroz, de que era detentor, e por isso, a Póvoa de Varzim naturalmente lhe ficará grata” e acrescentou: “Naturalmente, que gostaríamos de completar essa aquisição com a compra da casa onde nasceu Eça de Queiroz, na Praça do Almada, mas ainda estamos muito afastados de um consenso que leve a essa aquisição, mas não vamos desistir porque a causa assim o exige”.
Aires Pereira congratulou-se por, “felizmente”, não se ter interrompido as Correntes d’Escritas. Devido à crise, “tivemos que encolher em anos anteriores, mas, muito graças à insistência do Vereador da Cultura e Vice-Presidente, não interrompemos o Encontro e, este ano, temos mais um dia, cinco, para celebrar a escrita na nossa cidade”, declarou o Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.
Isabel Pires de Lima destacou as principais virtudes da 3ª edição do Dicionário de Eça de Queiroz, uma edição ilustrada, revista e ampliada, organizada e coordenada pelo “maior biógrafo vivo de Eça de Queiroz”, que constitui “um hino a Eça”. Ainda para Pires de Lima, estamos perante uma “obra ciclópica”, tendo em conta que contém 1041 entradas no corpo de Dicionário e reuniu cerca de 100 colaboradores na sua produção, oriundos das mais variadas áreas de estudo, desde Economia, Jornalismo, História, Medicina, etc.
Também ela colaboradora neste Dicionário, Pires de Lima enalteceu a grande capacidade de trabalho e paciência de A. Campos Matos, que, em meados da década de 80, deu início à 1ª edição, trabalhando sem recurso à Informática: “era tudo feito à mão e com contactos telefónicos”. Passando para uma linguagem moderna, disse Isabel Pires de Lima, o Arquiteto Campos Matos tornou-se, ainda na pré-história dos motores de busca, “o Google do Eça”.
O autor do Dicionário de Eça de Queiroz lembrou que tudo começou aqui na Póvoa de Varzim, quando, ainda jovem, descobriu na biblioteca do seu avô, o livro “A Relíquia”. Nunca mais parou de descobrir Eça e de o estudar. Campos Matos falou com entusiasmo do processo de pesquisa sobre os mais diversos temas e dos desafios que se colocaram para encontrar especialistas de determinadas áreas, que conhecessem o Eça e que quisessem escrever. Campos Matos destacou temáticas queirosianas interessantes, que podem ser encontradas no Dicionário com “verdadeiros ensaios literários” de personalidades convidadas ou por ele próprio: comida, sexo, sonhos, mundo vegetal, entre muitos outros.
A Fortaleza ainda a cheirar a novo, recebeu logo de seguida o lançamento de outro livro: Não há tantos homens ricos como mulheres bonitas que os mereçam, de Helena Vasconcelos (Quetzal). Ao lado da autora esteve Francisco José Viegas, que conduziu a apresentação numa conversa informal com a autora.
Helena Vasconcelos começou por distinguir: “não sou escritora, sou uma leitora compulsiva”. E prosseguiu: “ler não é só ler; é descobrir o que está por detrás daquela frase, porque aparece aquela personagem e porquê naquele momento”. Este tipo de leitura e análise é algo que fascina Helena Vasconcelos e que a faz escrever, sendo que as suas obras são muito dedicadas à literatura e à leitura.
A este propósito, Francisco José Viegas referiu que “não há livros isolados, os romances circulam de um livro para o outro”. É neste contexto que vê Helena Vasconcelos, uma mulher que adora ler e transportar contextos literários para outras histórias, no caso desta obra, Helena Vasconcelos reinterpreta o cenário dos romances de Jane Austen.
Não há tantos homens ricos como mulheres bonitas que os mereçam conta a história de Ana Teresa, uma jovem mulher que vai estudar para Londres para realizar uma tese sobre a escritora Jane Austen. A personagem não procura casamento – meio pelo qual se afirmavam as mulheres na época de Austin –, nem sequer tem um objectivo de carreira muito definido, ao contrário da sua mãe que é uma cientista de renome, apenas procura uma coisa, a felicidade.
Acompanhe o 17º Correntes d’Escritas no portal municipal e no facebook Correntes, onde pode consultar o programa completo do evento.