A sessão oficial de abertura do Encontro de Escritores realiza-se hoje, às 11h00, mas já na presença do Arqtº A. Campos Matos e ainda de Isabel Pires de Lima, que apresentou a obra, e Duarte Azinheira, representante da Imprensa Nacional – Casa da Moeda (IN – CM), a editora do livro, o autarca poveiro foi o anfitrião de escritores e participantes do Correntes d’Escritas, aproveitando para abrir as portas a um novo espaço no município. “Tal como foi prometido no ano passado, as Correntes vieram à Fortaleza e este é o primeiro evento que realizamos desde a inauguração deste imóvel. Estamos ainda em fase de instalação de alguns equipamentos, embora as portas estejam abertas diariamente para quem quer, daqui, observar a excelente vista que temos para o mar”, afirmou Aires Pereira.

Aproveitou ainda a oportunidade para agradecer ao Arquiteto Campos Matos por ter dado a oportunidade de, na última reunião de Câmara, “podermos decidir pela aquisição de grande parte do espólio de Eça de Queiroz, de que era detentor, e por isso, a Póvoa de Varzim naturalmente lhe ficará grata” e acrescentou: “Naturalmente, que gostaríamos de completar essa aquisição com a compra da casa onde nasceu Eça de Queiroz, na Praça do Almada, mas ainda estamos muito afastados de um consenso que leve a essa aquisição, mas não vamos desistir porque a causa assim o exige”.

Aires Pereira congratulou-se por, “felizmente”, não se ter interrompido as Correntes d’Escritas. Devido à crise, “tivemos que encolher em anos anteriores, mas, muito graças à insistência do Vereador da Cultura e Vice-Presidente, não interrompemos o Encontro e, este ano, temos mais um dia, cinco, para celebrar a escrita na nossa cidade”, declarou o Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.

Isabel Pires de Lima destacou as principais virtudes da 3ª edição do Dicionário de Eça de Queiroz, uma edição ilustrada, revista e ampliada, organizada e coordenada pelo “maior biógrafo vivo de Eça de Queiroz”, que constitui “um hino a Eça”. Ainda para Pires de Lima, estamos perante uma “obra ciclópica”, tendo em conta que contém 1041 entradas no corpo de Dicionário e reuniu cerca de 100 colaboradores na sua produção, oriundos das mais variadas áreas de estudo, desde Economia, Jornalismo, História, Medicina, etc.

Também ela colaboradora neste Dicionário, Pires de Lima enalteceu a grande capacidade de trabalho e paciência de A. Campos Matos, que, em meados da década de 80, deu início à 1ª edição, trabalhando sem recurso à Informática: “era tudo feito à mão e com contactos telefónicos”. Passando para uma linguagem moderna, disse Isabel Pires de Lima, o Arquiteto Campos Matos tornou-se, ainda na pré-história dos motores de busca, “o Google do Eça”.

O autor do Dicionário de Eça de Queiroz lembrou que tudo começou aqui na Póvoa de Varzim, quando, ainda jovem, descobriu na biblioteca do seu avô, o livro “A Relíquia”. Nunca mais parou de descobrir Eça e de o estudar. Campos Matos falou com entusiasmo do processo de pesquisa sobre os mais diversos temas e dos desafios que se colocaram para encontrar especialistas de determinadas áreas, que conhecessem o Eça e que quisessem escrever. Campos Matos destacou temáticas queirosianas interessantes, que podem ser encontradas no Dicionário com “verdadeiros ensaios literários” de personalidades convidadas ou por ele próprio: comida, sexo, sonhos, mundo vegetal, entre muitos outros.

A Fortaleza ainda a cheirar a novo, recebeu logo de seguida o lançamento de outro livro: Não há tantos homens ricos como mulheres bonitas que os mereçam, de Helena Vasconcelos (Quetzal). Ao lado da autora esteve Francisco José Viegas, que conduziu a apresentação numa conversa informal com a autora.

Helena Vasconcelos começou por distinguir: “não sou escritora, sou uma leitora compulsiva”. E prosseguiu: “ler não é só ler; é descobrir o que está por detrás daquela frase, porque aparece aquela personagem e porquê naquele momento”. Este tipo de leitura e análise é algo que fascina Helena Vasconcelos e que a faz escrever, sendo que as suas obras são muito dedicadas à literatura e à leitura.

A este propósito, Francisco José Viegas referiu que “não há livros isolados, os romances circulam de um livro para o outro”. É neste contexto que vê Helena Vasconcelos, uma mulher que adora ler e transportar contextos literários para outras histórias, no caso desta obra, Helena Vasconcelos reinterpreta o cenário dos romances de Jane Austen.

Não há tantos homens ricos como mulheres bonitas que os mereçam conta a história de Ana Teresa, uma jovem mulher que vai estudar para Londres para realizar uma tese sobre a escritora Jane Austen. A personagem não procura casamento – meio pelo qual se afirmavam as mulheres na época de Austin –, nem sequer tem um objectivo de carreira muito definido, ao contrário da sua mãe que é uma cientista de renome, apenas procura uma coisa, a felicidade.

Acompanhe o 17º Correntes d’Escritas no portal municipal e no facebook Correntes, onde pode consultar o programa completo do evento.