Com o
título “Como construir a República do século XXI?”, o advogado proferiu uma
“notável conferência”, conforme registou Macedo Vieira, Presidente da
autarquia, em que se referiu à Europa no passado, presente e futuro.

Confessando
que nada sabe sobre o futuro e que a maneira como mais gosta de viver “é
intrigado”, Miguel Veiga assumiu-se um “pessimista, pessimista”, explicando que
em tempos foi “pessimista optimista, optimista pessimista, agora sou pessimista
duplo” justificando com razões éticas e políticas.

“A
Europa vive uma ameaça de terrorismo e não consegue afirmar-se” disse,
acrescentando que estamos no início de uma era de achamento em que os conceitos
de verdade e realidade têm de ser questionados pois “a verdade deixou de ser um
conceito hegemónico”. Para o conferencista a crise mais preocupante hoje em dia
é a espiritual, “a insustentável leveza do ser é hoje a amarga constatação do
peso de viver”, reconheceu.

Actualmente,
vivemos em sociedades cinzentas, dominadas por um pensamento mole em que quase
não há separação das águas e este estado dificilmente será modificado porque
começa a fazer parte da cultura de hoje. É exigida uma mudança de mentalidades
que comece na escola porque as novas gerações não têm interesse nenhum na
formação político-ideológica. Miguel Veiga apontou a desafectação política como
o principal motivo da crise em que vivemos. “Os partidos políticos não têm
sabido disciplinar, dirigir nem sequer exprimir a vontade das massas, em suma,
têm tido um mau papel nas legitimações do povo”.

Afirmando-se
como um “europeísta convicto e um federalista”, o conferencista alertou para a
necessidade de uma liderança política para a manutenção da União Europeia.

Para
construir a República do século XXI é necessária a ética, porque actualmente a
exigência do dever passou a estar em lado nenhum, é exigida a restauração do
poder e a revitalização dos poderes. Miguel Veiga apontou a falta de convicção
actual, muito diferente dos homens da 1ª República, como a grande questão da
actualidade referindo que “a sociedade, mais do que uma caldeira de projectos,
é uma caldeira de valores que estão em constante evolução”.

No
final, Miguel Veiga disponibilizou-se para responder às questões do público,
momento que Macedo Vieira aproveitou para elogiar a qualidade de pensamento do
convidado e mostrar-se de acordo com muito do que este defendeu nomeadamente que
“também sou um pessimista e um federalista”.

Esta conferência
decorreu no âmbito do Ciclo de Conferências organizado pela Câmara Municipal da
Póvoa de Varzim e pelo “O Comércio da Póvoa de Varzim” que já contou com a
participação de Mário Soares e Artur Santos Silva, terminando a 5 de Outubro
com João Marques. Está ainda prevista a presença de António Nóvoa a 13 de Setembro.

O Ciclo de
Conferências insere-se na programação de Comemorações que assinalam o
Centenário da Implantação da República na nossa cidade. “Na Maré da República”,
título das Comemorações na Póvoa, arrancou oficialmente em Fevereiro, altura em
que foram apresentadas algumas das actividades previstas e anunciado o sítio
oficial do evento.

No sítio das Comemorações
está disponível informação sobre as Comemorações na Póvoa de Varzim, com a
Agenda Local, em constante actualização, a apresentação dos vários parceiros,
uma área para actualizações noticiosas, entre outros. Disponibiliza ainda
informação sobre a República na Póvoa de Varzim, apresentando a cronologia
local, a toponímia, os Rostos da República, a imprensa e imagens da época.
Dando uma visão global, o sítio tem também uma área sobre informação a nível
nacional, disponibilizando conteúdos sobre a Bandeira e o Hino Nacionais, a 1ª
Constituição da República, entre outros.