“Roses de Ispahan” resulta de um cruzamento da música da Pérsia clássica e da Renascença europeia. Segundo Denis Raisin Dadre (direcção artística e flautas) “o encontro com o canto clássico persa realizou-se de modo totalmente inesperado”. “Tal como aconteceu com o canto clássico persa, o ‘Nuovo Stile’ inventado por Caccini está ao serviço da poesia, de que revela todos os afectos. Esta primazia da palavra não impede a utilização de passagens extremamente virtuosas, as ‘passaggi’, com a técnica ‘gotgia’ admiravelmente próxima da técnica persa. Esta virtuosidade não tem nada de gratuito ou de decorativo, pois é comum às duas tradições, como incandescência da emoção”, revelou o artista. Denis Raisin Dadre considera ainda que “o encontro e a permuta com o canto persa dão-nos chaves para reencontrar em Caccini aquilo que causava o seu poder emocional no século XVII, os célebres poderes da música que se aproximavam do sobrenatural; em suma, uma tradição viva frequentemente esquecida pelos intérpretes da música antiga”.

Irradiando um novo olhar sobre a música sacra e renascentista, Doulce Mémoire é, acima de tudo, sinónimo de energia e espírito de equipa. Agrupamento de instrumentistas e cantores muito unido, apresenta-se regularmente nos maiores festivais internacionais mas também em recintos menos usuais. Abertos a todas as formas de arte, os Doulce Mémoire trabalharam com músicos e dançarinos da internacionalmente reconhecida companhia Han Tang Yuefu de Taiwan, italianos de Il Ballarino, cantores ingleses do Cardinall’s Musick, e bailarinos espanhóis num excitante espectáculo combinando a música da Renascença e o Flamenco. Pode dizer-se que a vulgaridade e monotonia são evitados pelos Doulce Mémoire.

Violencelo e piano unem-se naquele que será o segundo concerto do festival por Anne Gastinel e Claire Désert, no domingo, 12, às 21h45, no Auditório Municipal.

A actuação integra uma obra escrita de raiz para violoncelo e piano: as Variações para violoncelo e piano sobre “Bei Männem, welche Liebe fühlen” concebidas por Ludwing van Beethoven e duas Sonatas cujas composições distam cerca de oito anos entre si e que foram escritas originariamente para violino e piano, de Johannes Brahms e de César Franck, respectivamente.

Doulce Mémoire, Anne Gastinel e Claire Désert abrem programa de concertos do 31º Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim
Style: “Color tone – warm”

Anne Gastinel

Anne Gastinel começou a tocar violencelo com apenas quatro anos e aos dez deu o seu primeiro recital televisivo. Reconhecida como embaixadora da escola francesa de violoncelo, foi escolhida em 1997 para tocar durante um ano com o lendário violoncelo Matteo Gofriller que pertenceu a Pablo Casals. Agora toca num Testore de 1690, combinando o reportório normal com interpretações regulares de novas obras. É professora de violoncelo no CNSM (Conservatoire National Supérieur de Musique de Lyon), e protectora honorária dos Rencontres de Musique de Chambre de Lyon. Continua a deliciar o público em todo o mundo com interpretações que privilegiam a procura da perfeição pessoal acima de tudo o mais, atitude que considera ser a essência da música.

Doulce Mémoire, Anne Gastinel e Claire Désert abrem programa de concertos do 31º Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim 1
Claire Désert

Claire Désert ingressou aos 14 anos no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris, onde obteve o primeiro prémio de música de câmara na classe de Jean Hubeau, assim como o primeiro prémio de piano por unanimidade do júri (prémio especial do concurso 1985), na classe de Vensislav Yankoff. Um pouco por todo o mundo, Claire Désert seduz o público pela graça, profundidade e humildade das suas interpretações.

Mantenha-se informado sobre o programa completo do 31º Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim no portal municipal.