O primeiro dos oito espetáculos escolhidos pela organização para integrar esta Edição X – 2019 aconteceu durante o fim de semana no Garrett, sala que acolhe o evento. “Vocês viram o meu cão?” É com esta pergunta que se inicia esta comédia e é esta pergunta que dá o nome a este espetáculo repleto de humor, altamente corrosivo e pleno de sarcasmo. O texto é baseado no original de Victor M. Sant’Anna, de 1999, Vocês viram meu cachorro?, um trabalho absolutamente atual e politicamente comprometido com o ser humano e o seu direito inalienável à dignidade. O espetáculo foi levado a cena pela Companhia Certa, responsável pelas criações profissionais do Varazim Teatro que organiza o É-AQUI-IN-ÓC1O.

Não se esqueça: ainda há sete espetáculos para ver.

No dia 28 de setembro, às 17h30, leve os mais pequenos da família a assistir a “1 Planeta & 4 Mãos”. Duas personagens, que já tínhamos encontrado noutras histórias, conhecem-se e descobrem alguns pontos em comum. Flor, uma menina cheia de energia e muito curiosa com o mundo à sua volta, e Maria Papoila, uma jardineira que passa o dia a colher poesias – vão viver uma aventura de descoberta do nosso planeta e do tanto que, as suas quatro mãos, podem fazer por ele. Um espetáculo que possui a magia de quem acredita: que é sempre tempo de cuidar da mãe-natureza, que tanto cuida de nós. Os valores da amizade, da cooperação e da ecologia são trabalhados entre músicas, algumas rimas e muita alegria. Neste conto cheio de apelo aos sentidos, as crianças são envolvidas nesta grande aventura de salvar o planeta.

No mesmo dia, às 21h30, veja “Primeiro Amor”, um conto de Beckett, uma narrativa na primeira pessoa que tem as condições perfeitas para ser trabalhada e apresentada como monólogo. “Primeiro Amor” fala-nos de um homem absolutamente solitário, com graves problemas de sociabilização, que vive completamente desfasado dos acontecimentos que o rodeiam e retira destes conclusões bastante peculiares. Aos vinte e cinco anos, momento em que nos relata esta história, apenas se relaciona com o seu pai, já morto, e com o seu amor, Lulu. Com as restantes pessoas relaciona-se de longe, nada tem contra elas, exceto o seu fedor. Ficamos também a saber que o seu sitio preferido são os cemitérios prefere a convivência com os mortos de que com os vivos. Lulu, a mulher que ama, é uma prostituta que o acolhe na sua casa, onde vive e onde trabalha. Lulu, passa a ser a sua mulher e espera um filho seu. No final deste relato nasce o seu filho, assoberbado com a situação, sai de casa, embora afirme que não abandonou aquele amor. É um relato/monólogo muito intimista, onde a personagem (sem nome) revela os aspetos e os labirintos mais profundos da sua alma e da sua vivência, pontuando-os sempre com o humor negro, característica Beckettiana. Trata-se, portanto, de um ser especial, fora da caixa, que relata a sua amargurada existência, potenciando no espectador a sua empatia e cumplicidade.

No dia 29 de setembro, às 17h30, o público-alvo é novamente o infantil. “Patapatúm” é a nossa reflexão sobre o tempo, a infância e como preenchemos os vazios das nossas ausências, um espetáculo de teatro visual sem palavras destinado ao público infantil e familiar a partir dos 3 anos. A música dixieland, as máscaras e a fisicalidade dos personagens propiciam um universo cómico que viaja do realismo até à hipérbole da nossa vida quotidiana.

Surpresa! E mais uma! E muitas mais! Uma montanha de presentes! Grandes, pequenos, pesados, levezinhos, azuis, verdes, cor de laranja, quadrados e redondos! Presentes de todas as formas e tamanhos, mas sempre divertidos. As crianças, emocionadas, não têm mãos a medir no meio de tantos brinquedos. Os adultos, atados pela espiral do tempo a compromissos e obrigações, não são capazes de encontrar um momento na sua apertada agenda para partilhar a fantasia com os mais pequenos.
No dia 1 de outubro, às 22h00, assista a “Circodela“. A peça, da autoria da companhia brasileira Las Cênicas, é livremente inspirada no livro Por que a criança cozinha na polenta, de Aglaja Veteranyi. A história é narrada por uma menina que descobriu que a sua vocação era o equilibrismo, porque ficou nove meses de cabeça para baixo antes de nascer. Através do olhar da protagonista, vivemos um circo inocente e cheio de segredos.

A interpretação e o texto estão a cargo de Jessica Lane e a preparação circense é da autoria de Fabricio Nicolas.

No dia 2 de outubro, às 22h00, o Cine-Teatro Garrett recebe o espetáculo “Hot-Tea“. Da autoria da Gato S.A. e com dramaturgia e encenação de Mário Primo e interpretação de Patrícia Figueira, Raul Oliveira, Rogério Bruno e Tomás Porto, a peça retrata histórias de gente comum, frágil, solitária e oprimida. Ao longo da hora e meia de espetáculo, o espetador é envolvido na problemática da violência e do sofrimento humano em diferentes aspetos e realidades contemporâneas e universais da vida.

No dia 4 de outubro, às 22h00, assista a “No Fio do Azeite“, uma produção da companhia de teatro lisboeta Algures. Integrada na programação do É-AQUI-IN-ÓC10, a peça acompanha a viagem e os contratempos de um músico que tem de interromper um ensaio para ir buscar a filha à escola, durante uma greve dos professores.

A criação, composição e interpretação são da responsabilidade de Carlos Marques e os textos de Jorge Palinhos. 

No feriado de 5 de outubro, às 22h00, o Cine-Teatro Garrett recebe o espetáculo “Schiaccianoci Swing“, que coloca um ponto final no É-AQUI-IN-ÓC10.

Vagamente inspirada em Hoffmann e Tchaikovsky e no mundo do “Quebra-Nozes”, esta peça dos italianos da Bottega degli Apocrifi responde a uma série de perguntas com música: como marcha um exército de ratos? Como entramos num mundo mágico? Como saímos? Como sabemos que um sonho terminou? 

A direção é de Cosimo Severo, com Alessandra Ardito (bateria e acordeão), Daniele Piscitelli (guitarra), Michele Telera (percussão e contrabaixo), Fabio Trimigno (violino) e Luca Pompilio.

É-AQUI-IN-ÓC1O traz associada a ideia de recomeço, fim da silly season, retorno ao que nos eleva, ao que nos instrui, através da Arte Teatral. Partindo do conceito “Um Festival Para Todos Os Públicos” e da ideia de equilíbrio que o próprio nome contém, a Edição X – 2019, apresenta espetáculos de vários géneros teatrais como a comédia, o drama, a tragicomédia e o teatro para a infância e abraça outras formas artísticas como o novo-circo, a música teatralizada e a dança contemporânea.

As entradas têm o custo de 7,00€ e de 5,00€ com desconto (para estudantes, reformados, menores de 25 anos e maiores de 65 anos, desempregados, pessoas portadoras de deficiência e grupos de 8 pessoas). Associados ao Varazim Teatro pagam apenas 3,50€.

Os ingressos estão disponíveis nas lojas Fnac, Worten e CTT, na BOL e no balcão do Cine-Teatro Garrett. O horário de funcionamento do Garrett é o seguinte: 10h30-12h30 e 15h30-17h30 de terça-feira a sábado, e a partir das 15h30 em dias de espetáculo.

Reservas a partir do email vt@varazimteatro.org e dos telefones Varazim Teatro (916 439 009 e 912 420 129) e Cine-Teatro Garrett (252 090 210).