A obra constitui o terceiro volume da Tetralogia Lusitana de Almeida Faria, numa nova edição revista pelo autor. No início deste livro assistimos ao rocambolesco rapto dos jovens Marta e João Carlos, seguido pelos não menos surpreendentes acontecimentos que revolucionaram a sociedade portuguesa desde o domingo de Páscoa de 1974 ao mesmo domingo de 1975.

Ao longo de um ano eufórico para muitos, assustador para alguns, a família de A Paixão e Cortes dispersa-se dentro e fora do país, comunicando entre si, antes da existência de telemóveis e e-mails, sobretudo por carta. O que dá a esta agitada narrativa, ora dramática ora divertida, um tom de paródia.

Eduardo Lourenço assumiu-se como admirador de Almeida Faria e da sua obra, considerando Lusitânia uma “psicanálise da mentalidade e da vida portuguesa”. Nesta obra, trata-se de “escrever o Portugal que é uma surpresa”, referiu Lourenço, sendo esta “primeira versão ficcional da Revolução ela própria uma surpresa”.

Almeida Faria sublinhou a honra que era estar ao lado de Eduardo Lourenço, a quem dedicou este livro. O autor afirmou-se como uma pessoa muito ligada ao significado dos números e que assume importância o facto de o Lusitânia ter sido publicado 100 anos depois da publicação de Os Maias.

Para este alentejano, há situações relatadas no livro que são muito sérias e graves, como o enforcamento de Moisés ou os pesadelos que as crianças tinham com os tumultos causados pela Revolução, mas, por outro lado, há eventos que se tornam autêntica paródia, como foi os portugueses terem assistido em direto pela TV ao golpe de Estado falhado do 11 de março de 1975. “A tragicomédia é interessante para mim”, admitiu o autor.

Por fim, Almeida Faria deixa o convite: “têm de tudo neste livro e espero que isso vos dê algum prazer”.