Pela segunda vez
convidado pelo FIMPV, o reconhecido duo protagoniza a apresentação de uma
obra-prima raramente tocada em Portugal – a Sonata op. 36a de Ferrucio Busoni.
A completar o programa, sonatas de Robert Schumann e de Beethoven (a integral
das Sonatas para violino e piano deste último, publicada em 2009, foi galardoada
com o “Choc” de “Classica”, o “Preis der deutschen Schallplattenkritik, o “ECHO
Deuts­cher Musikpreis” e o “Gramophone Award”).

Isabelle Faust

Isabelle Faust
adopta, na música, uma perspectiva cuja focagem principal é a renovação de
experiências e descobertas. Tendo fundado um quarteto de cordas aos onze anos,
as suas juvenis experiências na música de câmara imbuíram-na da convicção de
que interpretar é um processo de dar e receber, sendo o acto de ouvir tão
importante como a expressão da sua própria personalidade.

A vitória no
Concurso Leopold Mozart de 1987, aos 15 anos, abriu-lhe a perspectiva da
carreira de solista. No entanto, os princípios iniciais adquiridos na juventude
como cultora da música de câmara permaneceram fortes. Em Christoph Poppen, o
primeiro violino de longa data do Cherubini Quartet, Faust encontrou um
professor que partilhava e alimentava as suas convicções musicais. Ao interpretar
sonatas e concertos, Faust constantemente procurava o diálogo e a troca de
ideias musicais. Depois de vencer o Concurso Paganini de 1993, foi viver para
França onde desenvolveu o gosto pelo repertório gaulês, particularmente a
música de Fauré e Debussy. A sua primeira gravação – Sonatas de Bartók,
Szymanowski e Janácek – chamou a atenção internacional; progressivamente
aprimorou a sua fluência em muitas das mais importantes peças de repertório
violinístico.

Em 2003, Faust
publicou a primeira gravação de uma obra romântica para orquestra, o Concerto
para violino de Dvorák. Tendo primeiro interpretado o concerto aos 15 anos sob
a direcção de Yehudi Menuhin, a obra permaneceu como um dos pilares do seu
repertório. A publicação do Concerto para violino de Beethoven em 2007 também
reflecte a sua imersão na prática da interpretação historicamente informada –
não dogmaticamente mas usada como um desafio e incentivo para reavaliar a
substância de cada nota, visando compreender os seus propósitos e significados.
Para Faust, a importância final do diálogo musical deve estabelecer uma
linguagem comum entre intérpretes, possibilitando aos artistas tocar um
concerto de Mozart com um agrupamento como o Concerto Köln tão convincentemente
como com uma grande orquestra sinfónica.

É precisamente
esta disponibilidade para se abrir aos diversos idiomas musicais que fez de
Isabelle Faust uma solicitada intérprete da música contemporânea. A listagem de
compositores cujas obras estreou vai de Olivier Messiaen a Werner Egk e Jörg
Widmann. É uma ardente entusiasta da música de György Ligeti, Morton Feldman,
Luigi Nono e Giacinto Scelsi, assim como de obras esquecidas, como o Concerto
para violino de André Jolivet. Em 2009 estreou obras que lhe foram dedicadas
pelos compositores Thomas Larcher e Michael Jarrell.

Faust pode ser
ouvida com o seu parceiro em dueto, o pianista Alexander Melnikov, na procura
de interpretações do repertório camerístico, em gravações da harmonia mundi.
Pela gravação do ciclo completo das sonatas de Beethoven, foram galardoados com
o Choc de Classica, o Preis der deutschen Schallplattenkritik, o ECHO Klassik
Award e o Gramophone Award. A sua última gravação a solo das Partitas e Sonatas
de Johann Sebastian Bach foi premiada com o Diapason d’Or do ano 2010 entre
outros.

Um número
crescente de orquestras e chefes de orquestra têm vindo a apreciar a arte de
Isabelle Faust: Claudio Abbado, Charles Dutoit, Daniel Harding, Heinz Holliger,
Mariss Jansons, as Filarmónicas de Berlim e Munique, a Orchestre de Paris, a
Boston Symphony Orchestra, as BBC Orchestras e a Mahler Chamber Orchestra são
alguns dos exemplos da frutuosa parceria artística que emergiu nos anos mais
recentes. Estes músicos e agrupamentos têm vindo a admirar a mestria de
Isabelle Faust: mais do que o mero domínio do seu instrumento e do seu
repertório, experimentando e explorando profundamente as diversas configurações
da música no âmago do seu trabalho.

Isabelle Faust
toca no Stradivarius Sleeping Beauty de 1704, cedido pelo L-Bank
Baden-Württemberg (Alemanha).

Alexander Melnikov

Alexander
Melnikov é um dos mais reputados pianistas russos da sua geração. Nasceu em
Moscovo em 1973 e iniciou estudos musicais aos 6 anos, na Escola Central de
Música (Moscovo), tendo-os prosseguido no Conservatório Tchaikovsky de Moscovo,
onde foi graduado em 1997 na classe do Prof. Lev Naumov. Mais tarde completou a
sua pós-graduação em Munique, com Elisso Wirssaladze e na Fondazione per il
Pianoforte (Lago di Como, Itália) onde beneficiou das lições de Andreas Staier
e Carl-Ulrich Schnabel, entre outros. Ainda estudante, foi vencedor de vários
prémios em importantes concursos internacionais (Schumann, Zwickau em 1989 e
Queen Elisabeth, Bruxelas em 1991 entre outros). Iniciou a sua carreira
internacional pouco tempo depois.

Alexander
Melnikov colabora com orquestras como a Nacional Russa e Filarmónica de Tóquio
sob direcção de Mikhail Pletnev, a Gewandhaus de Leipzig e a Philadelphia
Orchestra dirigida por Charles Dutoit, a Filarmónica de Roterdão (Valery
Gergiev), Filarmónica de São Petersburgo (Yuri Temirkanov) bem como a Orquestra
Real do Concertgebouw, a Sinfónica da NHK, a Filarmónica e a Sinfónica da BBC,
entre outras. Também toca fortepiano, colaborando regularmente com a Concerto
Koeln e Philippe Herrewege.

Em recital,
Melnikov apresenta-se regularmente nas mais importantes salas do mundo, como a
Concertgebouw, Santory Hall, Alte Oper Frankfurt, Queen Elisabeth e Théâtre
Musical de Paris Le Chatelet. Melnikov tem profundas ligações artísticas com o
Sviatoslav Richter dos últimos anos, que regularmente o convidava para
participar nos seus Festivais de Moscovo (Noites de Dezembro), e no festival de
música de câmara da Grange du Meslay (Tours, França).

A música de
câmara desempenha importante parte das actividades de Melnikov. Entre 1993 e
2003 colaborou intensamente com Vadim Repin, e actualmente integra o bem sucedido
duo com Isabelle Faust. Colabora também com Natalia Gutman, Yuri Bashmet,
Alexander Rudin, Pieter Wispelwey e Jean-Guihen Queyras. Em duo de piano também
se apresenta regularmente com Andreas Staier, Boris Berezovsky e Alexei Lubimov.

Melnikov
distinguiu-se como Artista da New Generation de 2000 a 2002 e é radiodifundido
regularmente através da BBC Radio 3 em recital e em música de câmara e toca e
grava com as Orquestras da BBC.

Grava desde 2004 para a Harmonia Mundi (França) e
publicou CDs com música a solo de Brahms, Rachmaninow e Scriabin, bem como
música de câmara com Isabelle Faust, Jean-Guihen Queyras e Teunis van der
Zwart. A gravação da integral das Sonatas de Beethoven para violino e piano
(com Isabelle Faust) obteve o Choc da revista Classica. Em Maio de 2010 foi
publicada a gravação a solo dos Prelúdios e Fugas de Shostakovich.