Em Humilhação e Glória, para além da referência aos Estudos Femininos – e de género – que, nos últimos cinquenta anos, conheceram um incremento extraordinário, Helena Vasconcelos dá relevo a figuras femininas do Ocidente, enquadrando, também, as mulheres portuguesas num espaço geográfico cultural e político que sempre lhes pertenceu por direito e do qual estiveram afastadas.

Políticas panfletárias e revolucionárias como Mary Woolstonecraft e Gertrudes Margarida de Jesus, escritoras como Virginia Woolf e Maria Teresa Horta, cientistas como Marie Curie e Matilde Bensaúde, pintoras como Sofonisba Anguissola, Artemesia Gentileschi e Josefa d’ Óbidos, entre tantas e tantas outras que se distinguiram nas múltiplas áreas do saber, na guerra e na paz, na revolução e na evolução, na criação artística e no mundo das ideias, para o melhor e para o pior, são aqui mencionadas e enaltecidas – algumas bem conhecidas, outras quase esquecidas – todas com um lugar perene na História da humanidade.

Rostos na Multidão é uma história onde se encontram duas vozes: a da jovem editora, uma espécie de Emily Dickinson do século XXI, e a de Owen, um obscuro poeta mexicano que viveu em Harlem nos anos vinte.

À medida que ela conta o seu intenso passado como editora em Nova Iorque, altura em que tentou desesperadamente convencer o diretor a publicar a obra de Owen, entretanto feito fantasma que a assombrava no metro, vai deixando transparecer a lenta mas inevitável desintegração da sua família no presente. Até que a sua história se desdobra na do próprio Owen, o poeta em tempos amigo de García Lorca e que termina os seus dias febrilmente num apartamento em Filadélfia.

Um romance intimista, vertiginoso e original, onde a vida e o destino dos dois protagonistas se cruzam de forma inesperada e vão convergindo até um final surpreendente e inesquecível.